O diário turco Zaman, um jornal de grande tiragem mas crítico do Presidente Recep Tayyip Erdogan, teve, este domingo, a sua primeira edição desde que foi colocado sob controlo estatal, exibindo uma linha claramente pró-Governo.

Na primeira página do jornal, um artigo sobre um ambicioso projeto do Governo de construção de uma ponte entre as margens asiáticas e europeias de Istambul, que vai custar quase três mil milhões de euros, substitui as até agora habituais críticas do diário Zaman.

“A internet foi cortada, não podemos utilizar o nosso sistema”, relatou à agência AFP um dos jornalistas do Zaman, acrescentando que “a edição de domingo não foi feita pela equipa do Zaman”.

Em sintonia com toda a imprensa pró-Governo, também o diário Zaman publicou instantâneos de um funeral de “mártires” mortos em confrontos com rebeldes curdos.

O jornal exibe também uma imagem do presidente Erdogan segurando a mão de uma mulher idosa e anuncia que o chefe de Estado vai receber um grupo de mulheres para assinalar o Dia da Mulher na próxima semana.

O dia de sábado ficou marcado na história do diário, que tem uma tiragem diária de 650 mil exemplares, por ter sido o “dia de vergonha” da liberdade de imprensa na Turquia, depois de a polícia turca ter forçado a entrada nas instalações do diário.

As autoridades turcas usaram gás lacrimogéneo e canhões de água para dispersar centenas de pessoas que bloqueavam o acesso ao edifício, gritando que a “imprensa livre não pode ser silenciada”, depois de a Justiça ter decidido colocar o jornal sob tutela.

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