Margarida Marques, secretária de Estado dos Assuntos Europeus, disse esta tarde que Portugal e a Alemanha não estão de acordo em tudo, mas que os dois países já conseguiram tanto em conjunto que seria um desperdício deitar fora uma relação bilateral privilegiada. “Os nossos objetivos são a nível europeu mas devem seguir a nossa Constituição”, afirmou a secretária de Estado, afastando o país da imagem de ator passivo a nível europeu.

Perante Michael Roth, ministro Adjunto alemão para Europa, que esteve em Lisboa para encontros bilaterais e uma iniciativa do projeto “Dialogue on Europe“, a secretária de Estado e antiga chefe da representação da Comissão Europeia em Portugal, afirmou que sabia que na Alemanha, Portugal estava a ser retratado como “um país que está a sair dos carris” – “Não é essa a minha opinião”, interveio brevemente Roth, que é membro do SPD, equivalente ao PS, e integra o Governo através da coligação com a CDU de Merkel. Margarida Marques disse que conhecia a posição do seu homólogo e que também o Governo português sabe exatamente o que está a fazer.

“Vamos respeitar todos os nossos objetivos e todas as metas […] Só precisamos de tempo e flexibilidade, os resultados estão garantidos”, assegurou a secretária de Estado relembrando que a Alemanha insiste num grau “maior coordenação da política macroeconómica” no Semestre Europeu, um ponto que acaba por limitar a margem de manobra dos governos nacionais quando desenham os seus orçamentos. No entanto, Margarida Marques fez questão de acentuar que apesar de discordarem em alguns pontos, estas divisões são sobretudo sobre o tempo de implementação das medidas e não sobre temas verdadeiramente estruturais.

Por seu lado, Michael Roth revelou à plateia portuguesa que está “farto” dos desenvolvimentos na Europa e que, por ter crescido junto ao muro que dividia as duas Alemanhas, prometeu a si próprio que não aceitaria novos muros na Europa, referindo-se à atual crise dos refugiados. O ministro-adjunto alemão criticou ainda Vladimir Putin, afirmando que “a Rússia quer dividir a União Europeia”. “O primeiro-ministro húngaro é um dos maiores críticos da política da Alemanha e ele faz parte do PPE [Partido Popular Europeu e família política de Merkel”, disse o ministro adjunto.

Ainda sobre o populismo que assombra a Europa, o alemão afirmou que sempre que se diz que os temas em discussão, como a crise dos refugiados, são complexas “é uma oportunidade para os populistas porque eles dão respostas simples a problemas complexos”. “As pessoas gostam de respostas fáceis e é por isso que os movimentos populistas e xenófobos estão a ter sucesso. Os partidos democráticos nunca devem copiar esse tipo de argumentação”, defendeu o ministro.

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