A prefeitura do Rio de Janeiro anunciou esta terça-feira que irá urbanizar a favela Vila Autódromo, que foi, na sua maioria, destruída por se encontrar junto ao Parque Olímpico que albergará os Jogos Rio 2016.

O anúncio foi feito horas depois de as escavadoras terem demolido a casa em que vivia Maria da Penha Macena, uma das líderes comunitárias da favela, a qual irá receber hoje um prémio da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro, no âmbito do Dia Internacional da Mulher, pelo seu trabalho em prol da cidadania.

Penha Maceda, que vivia em casa com a mãe, a filha e o marido, foi acolhida provisoriamente com a família na Igreja católica que existe na favela, segundo o presidente da Associação de Vizinhos, Altair Guimarães.

A Vila Autódromo está situada junto ao Parque Olímpico do Rio de Janeiro, principal recinto desportivo onde irão decorrer os Jogos no próximo mês de Agosto, e desde que o Comité Olímpico Internacional designou a cidade como sede do evento, que a prefeitura procurou demolir a favela, oferecendo compensações financeiras aos seus habitantes para que mudassem para outras zonas da cidade.

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A maioria das 583 famílias que viviam nas favelas aceitaram essas compensações e saiu de forma voluntária, mas outras 58 decidiram permanecer apesar das ameaças de despejo forçado.

Atualmente, mantêm-se na favela cerca de 50 famílias e duas delas estão sob ameaça de expulsão por ordens de despejo, segundo a associação de moradores.

A demolição da Vila Autódromo causou polémica em parte porque o Governo do Rio de Janeiro cedeu o terreno aos moradores em 1993, em regime de concessão por um prazo de 99 anos, no âmbito de um plano de regularização das favelas.

No ano passado, a Câmara decretou os terrenos como de utilidade pública, o que permitiu a ordem de despejo das casas de família que resistiram aos planos de desalojamento.

Os moradores da favela apresentaram vários planos de urbanização à Câmara como alternativa à destruição da favela.