José Eduardo Martins acusou Pedro Passos Coelho de olhar para a política como um “exercício solitário”, mas informou que não será ainda uma alternativa ao atual líder do PSD, que foi reeleito dia 5 de março com 95% dos votos. Mas não ser uma alternativa agora não significa que fique calado – José Eduardo Martins vai falar no 36º Congresso do partido e para já não poupa críticas a Passos Coelho e a Maria Luís Albuquerque.

Em entrevista à Renascença, o antigo deputado do partido explica porque se pôs fora da corrida: “Não acho que haja, neste momento, gente suficiente a pensar de maneira parecida com a minha no partido para que isso mereça o trabalho de protagonizar uma alternativa que verdadeiramente o PSD neste momento não tem”.

Apesar de não ter sido candidato à liderança do partido – as eleições diretas aconteceram o fim de semana passado – o antigo Secretário de Estado do Ambiente do governo de Durão Barroso reforçou que a sua ideologia é diferente da do atual líder do PSD e garante que dará voz a essa divergência no Congresso do PSD, que se realizará entre o dia 1 e 3 de Abril, em Espinho.

O advogado afirmou que de momento não há alternativas viáveis a Passos Coelho, pela falta de organização e de interesse de membros do partido e que isso leva a que não apareça ninguém, com uma equipa formada, para começar a traçar um “outro caminho político”. O jurista explicou que a equipa e estratégia devem ser traçadas no seio do partido e não “como tantas vezes acontece no PSD, no meio da rua”. Uma equipa sua? José Eduardo Martins não responde, mas fala de outros nomes que podem ser alternativa, como Rui Rio, apesar de agora o ex-presidente da Câmara do Porto não mostrar interesse.

Certo é que José Eduardo Martins não concorda com Passos Coelho e irá dizê-lo. E não concorda logo com a maneira como Passos vê a política: “Ser candidato a presidente do PSD é uma enorme responsabilidade. Obriga a estar preparado para no dia seguinte assumir os destinos do país. Isso não se faz sem uma equipa de várias pessoas. Não vejo a política como Pedro Passos Coelho a vê, como um exercício tão solitário e isolado”. No entanto, José Eduardo Martins elogiou o líder social-democrata por ter sobrevivido a uma crise política no verão de 2013 “a que muitos poucos líderes tinham resistido”.

Na entrevista, José Eduardo Martins critica ainda Maria Luís Albuquerque. Questionado sobre o polémico emprego da ex-ministra das Finanças, o ex-dirigente do PSD atira: “Não é uma situação agradável, não é defensável e foi um enorme erro politico de Maria Luís”.

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