Ivar Kanvish, o cientista que criou o fármaco que tirou Sharapova de competição no Open da Austrália, afirma que dois milhões de pessoas tomam o medicamento regularmente e que incluí-lo na lista de substâncias proibidas pela Agência Mundial de Antidopagem (AMA) é uma “questão política”, conta o DN.

A comercialização de meldonium foi proibida nos Estados Unidos e em grande parte da Europa. Atualmente, só é consumida nos países bálticos e na Rússia. O fármaco é produzido na Letónia e o seu inventor garante que “dois milhões de pessoas consomem regularmente” a substância e considera que “querem misturar desporto e política. Não há investigações que confirmem que o meldonium é uma substância dopante. O que sucede é que se aperceberam que muitos campeões desta região, como Sharapova, a tomam, é essa a razão”. Kanvish afirmou também que “é inadmissível que considerem dopante um fármaco que está no mercado há 32 anos” e que os países ocidentais retiraram o produto do mercado por ser “único”.

A decisão da AMA deixa o inventor do medicamento indignado, uma vez que não foi consultado na decisão nem foram apresentadas análises clínicas que confirmem que o medicamento melhora a performance física dos atletas.

Sobre este aspeto, Kanvish acrescentou ainda que “o atleta que toma este fármaco pode esforçar-se sem risco. Mas isso não é dopagem. O meldonium protege o seu coração, mas o rendimento depende inteiramente das suas qualidades fisiológicas. Ninguém que o tome se torna num super-homem da noite para o dia”. O cientista acredita que o medicamento pode salvar vidas e é particularmente útil para atletas profissionais que esforçam demasiado o seu aparelho cardiovascular e que pode proteger os desportistas dos riscos inerentes a esse esforço.

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O medicamento anti-isquémico é utilizado para tratar problemas de circulação sanguínea. Para quem não sofre desses problemas, o efeito que o medicamento tem é aumentar a oxigenação do sangue, o que resulta num aumento da resistência física e da capacidade de recuperação dos músculos. É por isso que Kanvish afirma que recomenda a substância “a todos. Eu também a tomo quando me sinto cansado. Tomo-a durante 10 dias e fico como novo.”

Maria Sharapova acusou positivo o controlo anti-dopping para o Open da Austrália. O anúncio foi feito pela própria, que alegou não ter lido a lista atualizada das substâncias proibidas pela Agência Mundial de Antidopagem. Sharapova tomava meldonium desde 2006 e a proibição só entrou em vigor em janeiro deste ano.

O New York Times avança que há registos de que testes antidoping de mais de 60 atletas acusaram o uso da substância, incluindo atletas olímpicos. A grande maioria dos casos é de atletas russos ou de países da antiga União Soviética, mas há também um caso de um campeão de atletismo sueco.