A Suécia reclama uma “repartição mais justa” no acolhimento aos refugiados que chegam à Europa, mas as restrições à entrada são uma medida “temporária”, garante uma ex-ministra.

Em declarações à agência Lusa, à margem de um seminário sobre igualdade promovido esta quinta-feira pela Plataforma Portuguesa para os Direitos das Mulheres, em Lisboa, a sueca Margareta Winberg sublinhou que “é impossível para a Alemanha e para a Suécia acolherem a maioria dos refugiados”.

A Suécia recebeu 163 mil pedidos de asilo em 2015, o valor ‘per capita’ mais alto de toda a União Europeia (UE), o que levou à adoção de restrições à política de asilo.

Após um aumento recorde da população, entre 2014 e 2015, a Suécia anunciou, no início do ano, que tenciona expulsar entre 60 a 80 mil refugiados. “Tivemos de o fazer, mas é temporário”, garante Margareta Winberg, reconhecendo que “não é bom para os refugiados”.

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A anterior vice-primeira-ministra e ministra para a Igualdade de Género da Suécia defende que “é preciso uma melhor divisão dentro da UE, o que, “até agora”, não aconteceu. “Só posso esperar [que aconteça]”, frisou a ex-ministra. “Doutra forma, o que resta do humanismo e da solidariedade afinal?”, questionou.

Winberg descreveu a situação dos refugiados na Suécia recordando que “há campos, com tendas, em muito más condições”, porque “a segurança social estourou e não consegue cuidar das pessoas”, nem dos refugiados, nem dos suecos.

“Temos as nossas regras para o asilo. Durante a espera — que é longa, dado que há muitos pedidos –, a sociedade civil cuida das pessoas e tenta integrá-las de muitas formas”, assinala a presidente da região de Jämtland Härjedalen, lembrando que, atualmente, “nalgumas aldeias, há mais refugiados do que habitantes suecos”.

No ano passado, mais de um milhão de pessoas, na larga maioria da Síria, alcançaram as costas europeias e dirigiram-se essencialmente para Alemanha, Áustria e Suécia.