O programa de computador AlphaGo (AG), criado pela Google, ganhou pela terceira vez consecutiva ao campeão chinês de go Lee Sedol, uma vitória que é considerada um marco importante no desenvolvimento da inteligência artificial, refere o jornal The Guardian.

“Nunca joguei um jogo em que sentisse esta pressão, e não fui capaz de a ultrapassar”, disse Lee Sedol, o segundo melhor jogador do mundo de go, numa conferência de imprensa depois do fim do jogo contra o AlphaGo. Este foi o terceiro jogo a ser perdido por Sedol esta semana em Seul, na Coreia do Sul, dando assim a vitória ao AG numa série de cinco jogos.

O go foi criado na China há mais de 2.500 anos e a sua popularidade mantém-se até aos dias de hoje (estima-se que cerca de 40 milhões de pessoas no mundo inteiro joguem go). O filósofo chinês Confúcio chegou a escrever sobre este jogo, que é considerado uma das quatro artes que todos os estudantes chineses devem dominar.

É jogado por duas pessoas e as suas regras são muito simples: os jogadores têm de colocar peças brancas ou pretas, semelhantes às damas, ao longo de um tabuleiro dividido em pequenos quadrados. O objetivo é capturar as peças do adversário ou preencher os espaços vazios, conquistando território.

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circa 1955: Joju Oda playing a game of Go with a fellow member of the Rotary Club in Nara, Japan. (Photo by Orlando /Three Lions/Getty Images)

O go é jogado por cerca de 40 milhões de pessoas no mundo inteiro (Orlando /Three Lions/Getty Images)

Apesar de as regras serem simples, na prática o jogo é altamente intuitivo e complexo. Mas é por isso que, durante séculos, tem captado a atenção de jogadores no mundo inteiro. De acordo com a Google, o número de posições possíveis no go é superior ao número de átomos que existem no universo e é por isso que é tão difícil de ser jogado por computadores (e que representa um desafio irresistível para os investigadores que trabalham na área da inteligência artificial).

Ao Guardian, Denis Hassabis, co-fundador do DeepMind, o programa de inteligência artificial da Google, disse que o desafio serviu para testar o AG e para ver do que é que o programa era capaz. “O AG controlou quase quatro horas de jogo, com o Lee a lutar para manter o território contra a abordagem criativa do programa. O DeepMind ensinou o AG a reconhecer os movimentos em centenas de cenários possíveis.”

Pela vitória, o AG recebeu um prémio de cerca de um milhão de euros, que o DeepMind irá doar a instituições de caridade, como a Unicef, e a organizações de go.