O escritor Valter Hugo Mãe apresenta, na quarta-feira, na Islândia, o seu romance “A Desumanização”, que, em Portugal, já vendeu mais de 35.000 exemplares, anunciou hoje a Porto Editora.

O romance foi escrito naquela ilha, onde Valter Hugo Mãe se deslocou várias vezes, tendo reconhecido, em declarações à agência Lusa, em 2013, quando da apresentação da obra, que este é um território que sempre o impressionou “pela dimensão de uma certa fantasia tremenda, [onde] há um tremendismo ligado a uma ideia de pureza, ou de mundo que começa, porque é tão recôndito, que tudo parece ainda antigo, antes do homem”.

“Eu sabia que havia de lá encontrar um livro”, declarou.

Referindo-se ao romance “Desumanização”, Hugo Mãe afirmou que decidiu “escrever um livro com uma trama islandesa, uma história pensada na Islândia e para a mundividência islandesa”.

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A tradução do romance a partir do português para islandês, língua nórdica do ramo germânico, falado por cerca de 350.000 pessoas, é de Guolaug Rún Margeirsdóttir, a tradutora do Prémio Nobel da Literatura de 1955, Halldór Laxness para português, autor, entre outros, d'”O sino da Islândia” e “Os peixes também sabem cantar”.

A apresentação do romance, intitulado em islandês “Afmennskun”, publicado pela Sagarana, está agendada para quarta-feira, na sala de espetáculos Harpa, em Reiquiavique, e contará com as participações dos músicos Hilmar Örn Hilmarsson e Steindór Anderssen, e ainda do escritor Sjón, autor de algumas das letras cantadas por Björk.

À Lusa, quando da edição original da obra, o autor afirmou que o livro, pensado noutro lugar, “não teria a mesma plasticidade” e reconheceu que “há uma interferência da própria Islândia que é decisiva”.

Hugo Mãe recusou qualquer paralelismo com a situação sociopolítica que a Islândia vivia na época, e afirmou se trata de “um livro sobre gente enclausurada nos fiordes, para quem a economia mundial pouco diz”, mas “há algo da personalidade islandesa que explica a coragem que tiveram e estão a ter”, e referiu a epígrafe que abre o romance, sintetizando-o.

“Trata-se de uma epígrafe de Halldor Laxness, que afirma mais ou menos isto, ‘um homem não é independente a menos que tenha a coragem de estar sozinho'”.

Para o escritor, “não podemos falar de mais nada do que sobre a vida e a morte”, e “este livro parte do tópico da morte, mas é mais do que refletir sobre a morte, ele reflete sobre a solidão”.

Segundo Sjón, “A Desumanização” é “um romance fascinante”, no qual “Valter Hugo Mãe utiliza recursos do cancioneiro popular e da narrativa fantástica, para perscrutar a imaginação islandesa, conduzindo os leitores a um confim do mundo cujas personagens encaram os seus destinos, envoltas num belo manto de palavras”, segundo comunicado divulgado pela editora.

O lançamento do romance, em Reiquiavique, será acompanhado pela equipa do realizador Miguel Gonçalves Mendes, autor de “José e Pilar”, que está na ilha a rodar o filme “O sentido da vida”, a estrear em 2018, e do qual Valter Hugo Mãe é um dos protagonistas, refere a editora.

A 7.ª edição de “A Desumanização” tem nova capa, seguindo a linha gráfica das novas edições das obras de Valter Hugo Mãe, publicadas pela Porto Editora, e chegará “em breve às livrarias”.