Os produtores de leite e carne entregaram esta segunda ao responsável de um supermercado do grupo Jerónimo Martins, em Matosinhos, um documento solicitando “medidas urgentes” para salvar o setor, num protesto contra “as práticas abusivas da grande distribuição”.

A entrega deste documento surge no âmbito da manifestação que juntou desde a manhã várias centenas de produtores, na sua maioria de leite e carne, e que se dirigiu para um hipermercado, desta vez do grupo Sonae, também em Matosinhos, onde os produtores pretendem entregar o mesmo documento.

O supermercado do grupo Jerónimo Martins fica situado na estrada Exterior da Circunvalação, a algumas centenas de metros das instalações da Direção Regional de Agricultura e Pescas do Norte, onde aos manifestantes se juntou um caravana de tratores – 300 segundo a organização -, que saíram de Vilar, Vila do Conde, em marcha lenta em direção a Matosinhos.

Frente ao supermercado, João Dinis, da direção da Confederação Nacional de Agricultura (CNA), que considerou já que esta é “a maior [manifestação] de sempre do setor no Porto”, defendeu aos microfones do carro de som que encabeça a manifestação a reposição do sistema de quotas leiteiras na União Europeia e a redução das contribuições dos produtores para a Segurança Social como medidas urgentes para impedir o colapso do setor.

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O presidente da Associação dos Produtores de Leite de Portugal, Carlos Neves, afirmou que o objetivo desta iniciativa é fazer com que a distribuição “se comprometa a comprar a produção portuguesa”, assegurando que “atualmente, os agricultores estão a morrer no campo”.

“Há muito tempo que estamos a sofrer em silêncio e tínhamos que gritar que é preciso salvar a agricultura em Portugal”, frisou Carlos Neves.

O objetivo desta manifestação é “assinalar reclamações específicas perante as práticas comerciais abusivas” de que os produtores acusam as grandes superfícies comerciais e que, garantem, “têm contribuído para a grave crise que arrasa a pecuária nacional”, nomeadamente os produtores de leite e carne.

Reclamando ser “indispensável a regulação legislativa e a fiscalização da atividade dos hipermercados”, o setor reclama também ao Ministério da Agricultura e ao Governo que criem “condições para escoamento, a melhores preços à produção, dos produtos agroalimentares” nacionais, desde logo o leite e a carne, e ao mesmo tempo efetuem um “controlo severo das importações, como está a fazer a Espanha desde há meses”.

Ainda exigido pelas organizações agrícolas é uma “‘retirada’ à produção (compra pública a preços compensadores) dos vitelos e das vacas já fora da produção leiteira”, assim como a isenção temporária e “sem perda de direitos” do pagamento das contribuições mensais para a Segurança Social e o reembolso de parte do consumo da ‘eletricidade verde’.

Adicionalmente, o setor pretende um aumento da ajuda (ligada à produção) à vaca leiteira e a promoção do “consumo prioritário” da produção nacional nas cantinas públicas e dos mercados de proximidade.