O ministro da Economia, Manuel Caldeira Cabral, disse que a Web Summit vai ser “um enorme palco” para atrair investimento estrangeiro e recomendou às grandes empresas para que olhem para as ‘startups’ como “algo determinante” para o processo de inovação. A Web Summit é uma conferência anual sobre tecnologia que existe desde 2010. A conferência deste ano decorrerá em Lisboa entre 7 e 10 de novembro.

“A Web Summit vai ser um enorme palco para atrair investimento direto estrangeiro, para afirmar as nossas empresas inovadoras internacionalmente. Muitas vezes, é só isso que elas precisam, têm bons projetos, têm boa capacidade, mas precisam de chegar a investidores internacionais”, disse Caldeira Cabral, no lançamento nacional do Global C-Suite Study, iniciativa da International Business Machines (IBM).

O ministro da Economia destacou que muitas vezes as ‘startups’ [micro e pequenas empresas em início de atividade] criam oportunidades que podem não ser necessárias para Portugal, mas podem despertar o interesse de investidores internacionais e sublinhou que “Portugal tem muitos mais novos ‘players’ [operadores] à espera dessas novas oportunidades do que tem empresas líderes mundiais”.

Caldeira Cabral falou sobre o estudo hoje apresentado pela IBM, destacando que “a digitalização tem enorme importância” e “a ideia de que a concorrência pode aparecer de sítios completamente diferentes traz muitas oportunidades”.

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“Destaco esta ideia de que a inovação vai ser mais feita fora das empresas e, como tal, as ‘startups’ vão crescer mais e vão em rede trabalhar o processo de inovação. É bom que as grandes empresas olhem cada vez mais para estas empresas, não só como oportunidade, mas como algo determinante para que não fiquem para trás”, disse Caldeira Cabral.

O ministro reforçou “a enorme oportunidade” que a Web Summit representa para Portugal, mas também a realização de outros eventos, afirmando que está a ser criada “uma unidade no Turismo de Portugal para atrair mais conferências para Portugal”.

O estudo ‘Redefining Boundaries: Insights from the Global C-Suite Study’, hoje apresentado, mostra que o fenómeno conhecido por “uberização” ou “síndrome de Uber” representa o aparecimento de novos concorrentes até agora considerados improváveis e conclui que este se tornou na “principal preocupação dos principais executivos do mundo”.

O documento cita a empresa de transportes norte-americana CIO quando esta define o fenómeno como quando “um concorrente com um modelo de negócio completamente diferente entra na indústria e arrasa as empresas amplamente estabelecidas”.

Segundo o presidente da IBM Portugal, António Raposo de Lima, o atual momento “é disruptivo e constantemente dinâmico” pelo que “exige não apenas a transformação dos modelos de negócio e das organizações”, mas também “a sua transformação contínua, como nunca antes” se experimentou.

O estudo conclui ainda que “as fronteiras da concorrência estão a esbater-se ” e que é preciso estar atento e preparado para os invasores digitais, além de que “não basta pedir o ‘feedback’ dos clientes, é preciso implementá-lo”, criando uma perspetiva panorâmica. Refere ainda que para prevenir os riscos da tecnologia, é necessário ser o primeiro e o melhor.

Para este estudo, foram entrevistados 5.247 executivos de C-Level (altos executivos), de 21 indústrias, em mais de 70 países, incluindo 37 em Portugal, sobre que mudanças no mundo dos negócios acreditam vir a assistir dentro de três a cinco anos.

No caso da prevenção dos invasores digitais, 54% dos inquiridos considera que a principal concorrência virá de fora da indústria nos próximos três a cinco anos.

“Para antecipar e responder a esta tendência, as organizações mais competitivas e com melhor desempenho darão mais prioridade às capacidades cognitivas: mais 24% quando comparadas com as restantes empresas do setor onde operam” afirma o estudo.

A análise recomenda ainda que as empresas usem “a análise preditiva e cognitiva para ajudar a prever com maior clareza o que poderá via a acontecer e assim ganhar vantagem competitiva frente aos seus concorrentes”.

O estudo mostra ainda que 81% dos inquiridos estão especialmente interessados em criar experiências mais digitais com os consumidores e 66% em torná-las mais individualizadas.

Por outro lado, mais de metade (54%) procura inovação adicional em fontes/parcerias externas, “por forma a ajudar a montar um contra-ataque eficiente” e “70% pensa mesmo em expandir a sua rede de parceiros”.

Após a apresentação do estudo, decorre um painel composto pelo presidente do Novo Banco, Eduardo Stock da Cunha, presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Fernando Medina, presidente executivo do Grupo Impresa, Francisco Pedro Balsemão, presidente da José de Mello Saúde, Salvador de Mello, diretora-geral International Fox Channels Ibéria, Vera Pinto Pereira, e o presidente da IBM Portugal, António Raposo de Lima.