A liderança da Câmara de Lisboa adiou esta quarta-feira a apreciação da nova proposta de requalificação da 2ª Circular, o que não evitou, contudo, as críticas do CDS-PP e do PSD, que veem as alterações como “minimalistas”. A apreciação ficou marcada para a próxima semana.

Esta era a segunda vez que a proposta da maioria PS para a 2ª Circular – que visa aumentar a segurança rodoviária, a fluidez do trânsito e a qualidade ambiental – estava agendada para debate, já que, em dezembro passado, a versão inicial também foi retirada para ouvir a população.

Desta vez, segundo a oposição, a proposta, que visa o lançamento de um concurso público para a empreitada, foi retirada pelo PS, em maioria no executivo, para clarificar algumas questões. Contactada pela Lusa, a Câmara não explicou o porquê do adiamento.

Em declarações à agência Lusa no final da reunião camarária privada, o vereador do CDS-PP, João Gonçalves Pereira, sustentou que em causa está um “projeto totalmente diferente do que era quando foi criado”, pois “aquilo que é a parte substancial da obra” fica para depois. “Não sabemos é para quando”, disse, aludindo à criação de viadutos, passadeiras e reforço dos radares de controlo de velocidade na Segunda Circular.

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De acordo com o autarca, também o número de árvores previsto diminuiu de cerca de 8.000 para 1.600, bem como o número de quilómetros de intervenção, já que agora abrange o troço entre o Nó da Buraca e o aeroporto e não até ao Prior Velho.

Preveem-se, contudo, alterações como a substituição de árvores da espécie lódão por freixos, o alargamento do separador central para a extensão mínima, a aplicação de um sistema de retenção de veículos, a introdução de guardas de segurança e a criação de zonas de transição nos acessos.

Recordando que as modificações levaram a um aumento de 10 para 13 milhões de euros, Gonçalves Pereira questionou “como é que, com tanta coisa a desaparecer, o investimento só aumenta”.

Para o autarca, a “gestão dos dinheiros públicos deve ser uma gestão cuidada”, pelo que “não se deve andar a fazer ações com pompa e circunstância” para depois ser uma “mera ação de cosmética”.

Numa resposta escrita enviada à Lusa, a liderança camarária defendeu que “o vereador João Gonçalves Pereira tem demonstrado que ainda não percebeu o projeto da Segunda Circular”, pois “primeiro afirmava que era uma tragédia para a mobilidade, hoje de manhã disse que era uma obra de fachada e inútil” e “agora diz que encarece mais”.

“A verdade, é que se trata de um projeto essencial e a proposta final da Câmara acolheu contributos da consulta pública e a necessidade de conter os custos da obra”, garantiu a autarquia.

Já António Prôa, do PSD, afirmou à Lusa que “o que resta é uma teimosia da Câmara em manter a obra”, visto que “todos os pressupostos caem por terra”. “Agora aquilo que se prevê é uma intervenção minimalista”, observou, indicando que as “alterações não cumprem grande parte das recomendações feitas [nomeadamente pela Assembleia Municipal]”.

Posição diferente tem o PCP, partido que, de acordo com o vereador comunista Carlos Moura, entende esta requalificação “como necessária”.

Se a votação tivesse ocorrido hoje, o CDS-PP teria votado contra e o PCP a favor (desde que se assegure mais transportes públicos). O PSD não revelou o seu sentido de voto.

Continua a prever-se a reformulação de nós de acesso, a redução da velocidade de 80 para 60 quilómetros/hora, a diminuição da largura da via em alguns locais, a montagem de barreiras acústicas, a reabilitação da drenagem e do piso e a renovação da sinalética e iluminação.

A obra deve iniciar-se em junho.