Uma mãe que seja infetada com o vírus zika no primeiro trimestre de gravidez tem cerca de 1% de risco de ter um bebé com microcefalia, segundo o primeiro estudo a quantificar o risco, realizado pelo Instituto Pasteur. O risco é 50 vezes superior à média, acrescenta o estudo.

“O primeiro trimestre é o de maior risco, o mais crítico”, afirmou Simon Cauchemez, principal autor do estudo, baseado em cálculos automáticos, publicado esta terça-feira na revista médica Lancet.

A pesquisa baseou-se em dados recolhidos entre 2013-2014 durante um surto de zika na Polinésia Francesa, que afetou 66% da população. A identificação de todos os casos de microcefalia ocorreu durante um período de 23 meses (entre setembro de 2013 e julho de 2015).

Segundo os cálculos, “1% dos fetos ou recém-nascidos cujas mães foram infetadas durante o primeiro trimestre de gravidez tinham microcefalia”.

“O nível de risco de mulheres grávidas infetadas é menor do que em outras infeções virais associadas com danos cerebrais durante a gravidez”, disse Simon Cauchemez.

No caso de rubéola, no primeiro trimestre, o risco é de 38%.

Os resultados são, no entanto, preocupantes porque, ao contrário da rubéola, que afeta menos de 10 mulheres por ano em França, e contra a qual existe uma vacina, a proporção de pessoas infetadas durante um surto de zika pode exceder 50% e “tornar-se um problema de saúde pública”, explicou o investigador do Instituto Pasteur.

Os resultados suportam as recomendações da Organização Mundial de Saúde (OMS) para que as mulheres grávidas se protejam contra picadas de mosquito, especialmente durante o primeiro trimestre de gravidez.

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