O Palácio Valflores, no concelho de Loures, ficou fora da lista dos sete monumentos mais ameaçados na Europa, que inclui edificações na Turquia, Grécia e Espanha, anunciou a Europa Nostra, principal organização europeia do património.

A lista “Os 7 mais ameaçados” 2016, anunciada numa cerimónia em Veneza, Itália, reúne monumentos considerados em grande risco na Arménia, Estónia, Finlândia, França, Grécia, Espanha e Turquia.

O Palácio Valflores, em Santa Iria da Azóia, concelho de Loures, estava na lista de 14 finalistas a este programa da Europa Nostra, representada em Portugal pelo Centro Nacional de Cultura (CNC), que tinha proposto o imóvel português.

Fazem parte da lista hoje anunciada com os monumentos mais ameaçados o Sítio Arqueológico de Ererouyk e Aldeia de Ani Pemza, na Arménia; a Fortaleza Patarei em Talin, na Estónia; o Aeroporto Helsinki-Malmi, na Finlândia; a Ponte Colbert em Diepe, na Normandia, em França; o Kampos de Chios, na Grécia; o Convento de Santo António de Pádua, na região da Extremadura, em Espanha; a Cidade Antiga de Hasankeyf e Arredores, na Turquia.

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Portugal entrava — com o Palácio Valflores – na lista inicial de 14 monumentos finalistas ao programa “Os 7 mais ameaçados”, que não oferece financiamento, mas visa divulgar o património em risco e sensibilizar as instituições da União Europeia (UE) para uma ação conjunta de parceiros públicos e privados.

A Europa Nostra anunciou também hoje que – pela primeira vez desde a criação do programa, em 2013 – foi decidido destacar a importância da preservação de outro dos 14 finalistas: a Lagoa de Veneza, “um tesouro de grande importância para a Europa e o mundo que se encontra em risco”, segundo a organização, presidida pelo cantor Placido Domingo.

Nesse sentido, a representação da Europa Nostra na Itália propôs um plano de medidas que inclui a redução da passagem de navios cruzeiro de grande dimensão, a suspensão de novas dragagens de canais, o cancelamento de grandes projetos portuários comerciais, transferindo estas atividades de grande escala para Trieste.

“Faço um apelo aos agentes públicos e privados Europeus para unirem esforços no sentido de darem um novo futuro a estes monumentos”, pediu o presidente da Europa Nostra num vídeo divulgado na cerimónia hoje, em Veneza.

O Palácio de Valflores, construído no século XVI e considerado um exemplo da arquitetura residencial renascentista em Portugal, tinha sido candidatado pelo CNC para finalista.

Apesar da classificação como Imóvel de Interesse Público, o palácio, propriedade da Câmara de Loures, “encontra-se em avançado estado de degradação e corre o risco de colapso”, indicava a organização, em dezembro do ano passado, aconselhando uma “intervenção prioritária” a “concentrar-se na estabilização e consolidação do edifício, a fim de travar a sua deterioração”.

A Câmara Municipal de Loures propõe a criação de um centro cultural, com uma escola de artes e ofícios e um pequeno museu para “fomentar a coesão sócio cultural e recolocar o palácio no plano de desenvolvimento urbano da região”.

Em fevereiro deste ano, numa visita ao monumento, o ministro da Cultura, João Soares, garantiu “a intenção firme” do Governo em cooperar com a Câmara de Loures na recuperação do Palácio Valflores.

O programa “Os 7 mais ameaçados” foi lançado em conjunto com o Instituto do Banco Europeu de Investimento, parceiro fundador, e o Banco de Desenvolvimento do Conselho da Europa, parceiro associado.

Portugal foi contemplado por este programa nas suas duas anteriores edições, com o Convento de Jesus em Setúbal (2013) e os Carrilhões da Basílica do Convento de Mafra (2014).