Mais coisa, menos coisa, faltam dois meses para jogadores, adeptos e jornalistas ficarem a saber quem vai ao Campeonato da Europa. Agora, e até ao dia em que Fernando Santos diga quem escolheu, vamos ficar a pensar como resultados, momentos de forma, lesões e coisas em que um jogador é melhor/pior do que outro podem influenciar o selecionador nacional. Muito se vai discutir no topo do estádio, onde estão os treinadores de bancada. Mas talvez se discuta menos se para a conversa se trouxer o que Fernando Santos disse após revelar a última lista de jogadores (para os particulares com Bulgária e Bélgica) antes da convocatória final para o Europeu de França.

Sim, vamos lá mesmo para ganhar

O selecionador não está a brincar

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Não foi a primeira, nem a segunda e por certo não será a última vez que da boca do treinador sai a garantia que pretender ganhar a competição. Fernando Santos já o frisara e, mesmo ressalvando que Portugal não é favorito, lembrou que não faz parte dos seus planos ir a França apenas para fazer figura.

“Se valesse apenas a ambição do Cristiano, era curto. Precisamos da ambição de todos. Não vamos lá passear, vamos lá para tentar ganhar aquele torneio. Não somos favoritos, mas vamos lá para ganhar.”

Mas vamos, talvez, só com um ponta de lança

E será para ficar no banco de suplentes

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Nos 12 jogos (seis a valer e a outra metade não) que Fernando Santos leva na seleção, raro foi o momento em que o treinador optou por ter um homem lá na frente, a criar raízes na área, à espera de bolas que possa rematar à baliza. Já em outubro de 2014, quando se estreou contra a França (derrota por 2-1), o treinador viu o que todos já tinham visto — que Portugal tem poucos avançados e menos ainda os que marquem golos com frequência.

Por isso deu descanso ao 4-3-3 que há anos ganhava pó na seleção e apostou num 4-4-2 com dois homens a correrem na frente e a chegarem à área vindos de fora dela. Daí que, a cada convocatória que faz, o selecionador tenha o costuma de chamar apenas um avançado a sério. Desta vez foi Éder. E os dois golos que tem esta época dão razão à adaptação de Fernando Santos aos recursos goleadores que tem, que são poucos.

Além do avançado que o Swansea emprestou ao Lille, só haverá mais Hugo Almeida (três golos, entre o Krasnodar e o Hannover), ou Nélson Oliveira (nove golos no Nottingham Forest e na segunda divisão inglesa). Ainda há Bruno Moreira, que tem 18 golos no Paços de Ferreira, e Hugo Vieira, que vai com 17 no Estrela Vermelha, da Sérvia. Mas nenhum foi agora convocado e isso não abona a favor de uma chamada ao Europeu.

“Não me preocupa rigorosamente nada. O que importa é a estratégia que vou adotar para o Campeonato da Europa. Se a minha estratégia fosse seguramente jogar em 4-3-3 com um ponta de lança fixo, só de área, estaria muito preocupado. Mas como não deve passar por aí, não estou muito preocupado, como devem compreender”.

Há muitos que ainda podem alimentar esperanças

Esta lista não é definitiva

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Fernando Santos convocou 24 jogadores para defrontarem a Bulgária (25 de março) e a Bélgica (29 de março). Mesmo que esta lista queira dizer muita coisa sobre quem pode ir ao Europeu, não é definitiva, como o selecionador fez questão em reforçar. Porque há gente que só não está nela por estar lesionado (João Moutinho, Fábio Coentrão ou Tiago) e há quem poderia perfeitamente estar, tendo em conta os jogadores que Fernando Santos outrora chamou (como André André, Beto ou Miguel Veloso).

“Esta não é, seguramente, a lista definitiva. Há aqui alguns impedimentos e, até lá, não sabemos se alguns não ficarão indisponíveis. A dois meses de distância é muito difícil avaliar quem vai estar bem, ou não, na altura. Tenho uma lista de 12, 13 que podiam ter sido convocados, mas, na realidade, só vou convocar seis ou sete. É bom ter 12 ou 13 jogadores que podiam perfeitamente estar aqui e dormiria perfeitamente tranquilo se chamasse qualquer um deles.”

Os telefones vão tocar mais vezes lá para o final de abril

“Está lá? É o Fernando Santos.”

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O selecionador nacional deverá anunciar a lista de convocados para o Campeonato da Europa lá para o final de maio. Mais ou menos um mês antes, portanto, vai averiguar se quem pensa em chamar está, ou não, com físico para ir passar parte do verão a França. Daí que Fernando Santos tenha deixado entender que vai andar a falar e a fazer telefonemas a quem mais o preocupa — como Tiago e Fábio Coentrão, que estão a lidar com lesões chatas e prolongadas.

“Conheço-os em absoluto, não haverá nenhuma novidade. Se estiverem bem, sei que posso contar com eles. Mas, clinicamente, há jogadores que estavam mais aptos. No fim de abril, em que estaremos muito perto da convocatória final, aí sim, vamos ter muita atenção a esse particular. De saber quem, na realidade, está em condições físicas para participar no Campeonato Europeu. Tenho mantido o contacto com eles porque, infelizmente, não os consigo ver a todos. Vamos com calma.”

Convém que os jogadores se deem bem

Ou seja, há mais hipóteses para quem costuma ir à seleção

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Não é nada de novo: Fernando Santos gosta de que Portugal seja como uma família e não há laço familiar que aguente se os convocados forem variando muito. É a história do núcleo duro e de haver sempre um grupo de jogadores que não varia muito. Isto não é bom para quem anda a jogar bem, a justificar uma chamada (como Josué, do Braga) e a encher-se de esperança de ainda ter uma hipótese de ser convocado. Mas nunca se sabe.

“Quem anda no futebol há muito, sobretudo os que viveram por dentro, sabe que é muito tempo de estágio nas fases finais. Tenho essa experiência. E isso traz algumas complicações, é preciso um grupo muito forte e muito coeso. É preciso estabilidade para uma equipa que quer alcançar objetivos. É preciso que haja uma grande relação entre os jogadores. Há uma série de fatores que vão influenciar a minha decisão final.”

Deixem o miúdo em paz

Que é como quem diz, não façam um alarido com Renato Sanches

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Sim, o médio do Benfica está a fazer uma época de sonho para quem tem 18 anos, começou na equipa B e nem pré-temporada fez com a equipa principal — é titular na equipa que está em primeiro lugar no campeonato e vai jogar contra o Bayern de Munique nos quartos-de-final da Liga dos Campeões. Até Fernando Santos o reconhecerá, pois chamou Renato Sanches para ver com os próprios olhos do que o miúdo encarnado é capaz. Mas o selecionador pediu para não colocarem pressão no miúdo.

“Não me façam perguntas sobre o Renato. Isso é criar um problema global. Temos que nos centrar em todos e não só no Renato Sanches. Não vamos criar ansiedade ao miúdo, vamos deixá-lo vir, naturalmente, e deixá-lo fazer as coisas.”