A União Geral dos Trabalhadores (UGT) lamentou esta sexta-feira que Bruxelas venha condenar o Governo português por ter atualizado o salário mínimo no início do ano e venha trazer para a discussão questões como a competitividade, crescimento e emprego.

“Em relação à Europa, não podemos deixar de lamentar e lastimar profundamente que, na discussão do Semestre Europeu, se ponha em cima da mesa a questão da competitividade, crescimento e emprego, mas condenando os portugueses e o Governo português por ter feito uma atualização do salário mínimo nacional a 01 de janeiro de 2016. É completamente inaceitável”, referiu o secretário-geral da UGT, Carlos Silva.

No final de uma reunião do Secretariado Nacional da UGT, que decorreu até ao início da tarde em Viseu, Carlos Silva sublinhou que Portugal não quer salário miseráveis, não se podendo, portanto, condenar o aumento salarial dos trabalhadores.

“Então a competitividade é através dos baixos salários ou é naturalmente por via do consumo interno?”, questionou.

De acordo com o secretário-geral da UGT, este encontro serviu ainda para trazer à discussão matérias europeias, nomeadamente a questão dos refugiados.

“Esta crise migratória tremenda é acima de tudo uma crise humanitária que está a acontecer na Europa, que tem demonstrado uma ausência de solidariedade, justiça, paz, e com comportamentos que julgávamos erradicados depois da Segunda Guerra Mundial. Estamos a falar de xenofobia, racismo e islamafobismo, em que países europeus têm de encontrar formas e soluções, articuladas e consensualizadas entre todos, para dar respostas a estas pessoas”, considerou.

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No seu entender, estas pessoas estão a fugir para a Europa porque acreditam que este é um espaço de liberdade, democracia e proteção social.

“Não tem havido articulação entre os países europeus e é isso que hoje condenamos: a falta de articulação de vários países e nações nesta matéria”, evidenciou.

À Lusa disse ainda que é necessária uma Europa verdadeiramente social e solidária. “Esse paradigma tem sido perdido, temos de apurar de novo até que ponto precisamos de uma verdadeira Europa social, que compreenda os esforços dos cidadãos, que não olhe só para as questões da consolidação orçamental, números, défice e dívida”, apontou.

Carlos Dias defendeu ainda que é preciso olhar para os direitos das pessoas e dos trabalhadores, lembrando que a negociação coletiva continua bloqueada, num país com uma elevada taxa de desemprego, inclusive de longa duração, e onde existem problemas de desigualdade salarial entre homens e mulheres.

“Continuamos com jovens sem rumo e esperança em relação ao futuro. É preciso investir e crescer de forma sustentada e tem de ser em consenso na Concertação Social com todos os parceiros e representantes dos trabalhadores”, frisou.

O secretário-geral da UGT informou ainda que durante a reunião foi aprovada uma moção de apoio à candidatura de António Guterres a secretário-geral das Nações Unidas. “A moção foi aprovada por unanimidade e aclamação, sendo este um apoio claro e inequívoco”, concluiu.