Cerca de 1.662 refugiados chegaram à Grécia desde a entrada em vigor no domingo do acordo UE-Turquia e que deveria travar as chegadas às ilhas gregas provenientes da Turquia, indicou esta segunda-feira um organismo oficial helénico.

Segundo o Gabinete de Coordenação da Política Migratória na Grécia (SOMP), as chegadas concentraram-se nas ilhas de Chios (830) e Lesbos (698), todas próximas das costas turcas no nordeste do Egeu.

O prosseguimento deste fluxo migratório “suscita objetivamente um problema e coloca interrogações sobre as intenções de todas as partes envolvidas”, e quando o acordo entre a União Europeia (UE) e a Turquia — anunciado na sexta-feira em Bruxelas e em vigor desde domingo –, prevê um esforço reforçado da Turquia para bloquear as partidas dos imigrantes e refugiados a partir das suas costas, assinalou Giorgos Kyritsis, porta-voz do SOMP, citado pela agência noticiosa France-Presse.

Em paralelo, a guarda costeira turca anunciou ter “socorrido” no mar, entre sábado e a noite de domingo, 126 migrantes que tentavam alcançar as ilhas gregas, mas sem precisar quantos foram intercetados desde a entrada em vigor do acordo.

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O novo regime, que prevê o envio para a Turquia de todos os migrantes que chegarem a partir de domingo, incluindo os requerentes de asilo sírios, implica o envio imediato de quem desembarca para os ‘hotspots’ (centro de registo e identificação) abertos pela Grécia em cinco ilhas do Egeu.

Em Lesbos, as autoridades transferiram antes do domingo os migrantes que já estavam na ilha para o campo aberto de Kara Tepe, para começarem a aplicar as novas medidas aos que continuam a desembarcar.

Para os que requerem um pedido de asilo, deverão permanecer até à avaliação do seu caso por especialistas gregos e europeus.

Esta segunda-feira, o porta-voz do Alto comissariado da ONU para os Refugiados (HCR) em Lesbos anunciou que este organismo deixou de transportar para o ‘hotspot’ de Moria os migrantes que cheguem àquela ilha, pelo facto de ter sido declarado um “local fechado” na sequência do acordo UE-Turquia e no qual “as pessoas não são autorizadas a sair”.

A permanência dos fluxos migratórios poderá implicar uma sobrelotação das ilhas, mesmo que muitos refugiados tenham começado a ser transferidos para o continente grego, para serem reenviados para a Turquia caso sejam considerados “imigrantes económicos”, ou para uma eventual relocalização em outros países europeus.

Com as novas entradas, a Grécia, um país com 11 milhões de habitantes, ultrapassou esta segunda-feira a barreira dos 50.000 exilados concentrados no seu território, segundo indicou o SOMP.

O acordo UE-Turquia, que mereceu as críticas de variadas organizações não-governamentais de defesa dos direitos humanos, prevê por sua vez que por cada sírio reenviado para a Turquia, um outro sírio será “reinstalado” na UE, num total de 72.000 lugares disponibilizados.

Segundo o executivo europeu, este mecanismo previsto no acordo vai requerer no total a mobilização de 4.000 agentes, para um orçamento calculado em 280 milhões de euros nos próximos seis meses.