Podia ser encontrado num catálogo do Ikea, na secção para jovens urbanos: um candeeiro redondo, uma cama de solteiro, um vaso com uma planta, uma televisão, uma cómoda, um poster de Matisse, um papel de parede aos quadrados e ainda uma imagem da Virgem Maria. A completar, no chão, uma adaptação para livro da saga “Star Wars” e um catálogo de instrumentos de corda africanos.

Mas não, este quarto não vem nas páginas dos catálogos da multinacional sueca. A fotografia foi tirada num túnel do metro de Berlim.

A descoberta foi feita por trabalhadores do metro, em janeiro, na província de Reinickendorf. A princípio os trabalhadores supuseram que podia ser um cenário de filmagem abandonado, mas após uma pesquisa verificou-se que nunca tinha havido planos para filmar ali nada.

Como o papel de parede, os livros e a mobília foram considerados perigosos por poderem servir de combustível a um fogo, foram rapidamente removidos. Um mês depois, fotografias do local foram enviadas para os jornais berlinenses, sem grandes consequências.

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Em março, foi descoberto um novo quarto, numa passagem suburbana na estação de Yorckstrasse, desta vez com um jardim, uma cerca, gnomos de jardim, cama e a pintura de um gato a olhar pela janela.

Segundo o The Guardian, o Airbnb – site para marcar quartos – colocou um anúncio, que entretanto foi retirado, onde se podia ler: “Localização central, perto da linha U9. O apartamento foi totalmente modernizado em 2016 e é relativamente silencioso (desde que use tampões para os ouvidos). Perfeito para passageiros diários e sem-abrigo.”

Esta descoberta levou os habitantes da cidade a especularem sobre quem seria o artista por detrás destes “quartos subterrâneos” e qual a mensagem que pretendia transmitir. Alguns afirmaram que a resposta está nos livros. O romance da saga “Star Wars” trata da luta dos Rebeldes contra o Império e o catálogo de instrumentos africanos pode ser uma referência à crise dos refugiados, afirma o crítico Nikolaus Bernau no Berliner Zeitung. Uma outra analogia feita foi de que o catálogo deixado no quarto havia sido publicado em 1984, uma referência ao livro de George Orwell sobre o fim da privacidade através da vigilância estatal.

Caso seja encontrado, o responsável por mobilar o metro terá de pagar uma multa por transgressão.