No dia em que recebeu os cumprimentos dos três ramos das Forças Armadas, no Palácio Nacional de Mafra, Marcelo Rebelo de Sousa voltou a quebrar o protocolo. Numa cerimónia marcada pelos naturais formalismos, com a presença das mais altas figuras do Estado e das Forças Armadas e com convidados de honra, como Rui Moreira, presidente da Câmara Municipal do Porto, Marcelo Rebelo de Sousa decidiu, mais uma vez, afastar-se do guião.

No final do desfile militar, que contou com mais de mil militares dos três ramos das Forças Armadas, o Presidente da República fez uma espécie de volta olímpica e cumprimentou as milhares de pessoas que quiseram assistir à cerimónia no Palácio Nacional de Mafra. À sua passagem, além dos muitos aplausos, ouviram-se gritos de “Mar-ce-lo, Mar-ce-lo, Mar-ce-lo!”.

No seu discurso, o Presidente fez questão de deixar uma mensagem clara: “A nossa responsabilidade, assente na nossa soberania, é intransferível, e um Portugal pacífico não pode ser confundido com um Portugal indefeso”.

Marcelo Rebelo de Sousa, na qualidade de Comandante Supremo das Forças Armadas, começou por reconhecer que as Forças Armadas têm razão “quando sentem, de quando em vez, que o seu papel não é compreendido, não é valorizado, não é acalentado”.

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Por isso, sublinhou, “há uma pedagogia a fazer para explicar que Forças Armadas não são reminiscência de um passado sem futuro, como não são instituição supérflua ou desnecessária”.

Uma pedagogia que deve ser feita junto, inclusivamente, do poder político, insistiu Marcelo. “As nossas Forças Armadas [merecem] que o poder político – todo ele, solidariamente – lhes reconheça a importância da missão que desempenham, em objetivos a prosseguir, em meios a utilizar e, até, em sensibilidade para não se esquecer delas de cada vez que tem de decidir sobre matérias que possam implicar ou sugerir depreciação do seu estatuto”.

Mesmo reconhecendo que os “tempos são de raridade de recursos” e de “graves problemas sociais”, o Presidente da República lembrou que o Estado não pode esquecer as Forças Armadas. É preciso, por isso, garantir a “afirmação do atual Conceito Estratégico de Defesa Nacional”, apostar numa “valorização, cada vez mais evidente, da carreira das armas, com atenção constante ao estatuto dos nossos militares” e, tão ou mais importante, sublinhou Marcelo, é preciso “investimento e eficácia na transformação do perfil das nossas armas”.

“O país que ambicionamos precisa de forças Armadas equipadas e qualificadas para o cumprimento do seu desígnio. Um país que sempre teve uma dimensão internacional deve assegurar as melhores condições operacionais às suas Forças Armadas”, reiterou o Presidente da República.

Já antes, na intervenção do Chefe do Estado-Maior das Forças Armadas, o General Pina Monteiro chamou à atenção para a “natureza evolutiva de acrescidas ameaças transnacionais, assimétricas e cada vez mais incertas, difusas e complexas, cuja expressão mais preocupante é o terrorismo transnacional” que obriga a “preparar novas respostas integradas”.

“Neste quadro exigente, de reforço da segurança cooperativa, também se torna imperativo que cada Estado, possa recorrer a todas as capacidades, forças e meios para garantir não só a integridade do território nacional e a segurança dos seus cidadãos, mas também o exercício da soberania, o apoio ao desenvolvimento e a proteção e salvaguarda de pessoas e bens”, afirmou o Chefe do Estado-Maior das Forças Armadas.

Numa cerimónia inovadora e com muito público a assistir, o General Pina Monteiro expressou o desejo de manter uma “proximidade afetiva” com o Comandante Supremo das Forças Armadas para estimular e fomentar “as indispensáveis condições para o exercício do comando”. Marcelo, por sua vez, prometeu estar “atento, sereno e interventivo” na missão de “dignificar, reforçar e conferir mais evidentes capacidades de afirmação às Forças Armadas”.

Já perto do final, o Presidente da República fez questão de se juntar às celebrações do Dia Mundial da Árvore e plantou uma Magnólia soulangeana junto ao monumento de Homenagem ao Combatente Português.

Como quatro braços trabalham melhor do que dois, Marcelo decidiu pedir uma “ajudinha” a António Costa. Presidente da República de pá na mão, primeiro-ministro de regador, os dois, juntos, ajudaram a plantar a árvore. “Querem melhor exemplo de cooperação institucional?”, soltou um bem-disposto António Costa.

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