As burlas através dos sites de classificados online estão a aumentar e são cada vez mais os lesados que se queixam às autoridades, as quais têm neste momento vários processos de investigação em curso, segundo fonte policial.

“Se for bom demais para ser verdade, se calhar é porque não o é”, aconselha o portal OLX, o maior em Portugal, com cerca de 30 milhões de visitas mensais.

Neste site são publicados todos os dias 32 mil novos anúncios. Alguns vendem “gato por lebre” ou simplesmente não vendem nada, levando apenas os candidatos a compradores a transferir verbas que depois não conseguem reaver.

O subcomissário da PSP João Moura disse à agência Lusa que este tipo de burla tem vindo a aumentar e que há áreas em que já tem um peso significativo, como seja a compra e venda de automóveis e o aluguer de casas para férias.

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Comparados com os valores envolvidos neste tipo de bens, as burlas com telemóveis, material informático ou videojogos são bem menores, embora cada vez mais frequentes.

Uma consulta online sobre as burlas no OLX — mas também em outros sites de classificados, como o Custo Justo — é suficiente para identificar um largo conjunto de lesados que tentam, através da denúncia na internet, conseguir alguma justiça, ou simplesmente que outros não caiam neste ‘conto do vigário’.

Mas muitos destes lesados têm apresentado queixas nas autoridades, tendo a Lusa confirmado junto da PSP: “Existem vários inquéritos em curso, visando diferentes cidadãos e relativos a variadas acusações de burla com utilização do portal” OLX.

De acordo com o subcomissário da PSP João Moura, os visados devem sempre apresentar queixa nas autoridades, até porque já há registo de processos que foram para a frente e de redes desmanteladas.

Isso mesmo aconteceu no final do ano, quando a PSP de Braga desmantelou uma rede que, através do OLX, adquiria carros, sem nunca os pagar aos vendedores. O valor da fraude ascendeu aos 1,5 milhões de euros.

Mas a PSP insiste na necessidade dos potenciais vendedores e compradores através destes portais evitarem determinados procedimentos, os quais são passíveis de burlas. Isso mesmo disse à agência Lusa o administrador da FixeAds, empresa que detém, entre outros portais de classificados, o OLX. Segundo Miguel Monteiro, a segurança é uma preocupação constante e a empresa tem vindo a colaborar com as autoridades sempre que estas solicitam informação sobre anúncios que conduziram a burlas.

A FixeAds utiliza “mecanismos de revisão dos anúncios para prevenção e deteção de fraudes, mecanismos esses que passam por revisões automáticas com algoritmos em constante evolução e revisões manuais por parte da equipa de apoio ao cliente”.

“Temos ainda sistemas de reporte de anúncio, para que qualquer utilizador possa contribuir para a segurança do site, reportando qualquer anúncio que possa indiciar ser fraudulento e, desta forma, acelerar a reação da nossa equipa na análise desse anúncio”, adiantou.

Segundo Miguel Monteiro, esta triagem leva a que, “num site que tem cerca de 32 mil novos anúncios publicados por dia e 2,802 milhões de anúncios ativos” se registe “menos de 0,01% de situações que poderão ser de infração dos Termos e Condições”.

Algumas dessas situações são posteriormente investigadas pelas autoridades, tendo Miguel Monteiro confirmado que o Ministério Público, por exemplo, solicita com alguma regularidade informações sobre anúncios que estão ou estiveram online e conduziram a um cliente burlado.

“Como qualquer empresa socialmente responsável, sempre que contactados pelas autoridades, colaboramos o máximo possível para que consigam alcançar o seu objetivo e temos um canal de comunicação específico para podermos agilizar ao máximo as solicitações de informação por parte das autoridades competentes”, acrescentou.

Contactado pela Lusa, fonte da Procuradoria Geral da República confirmou que o Departamento de Investigação e Ação Penal (DIAP) de Lisboa está a investigar um cidadão que tem sido apontado por vários utilizadores do OLX como burlão, mas não adianta mais dados sobre as transações alvo de burla que estão na mira dos investigadores.

Por seu lado, a PJ informou que “por força do segredo profissional” não pode esclarecer sobre a eventual existência de casos de burla em investigação.