O Sindicato dos Trabalhadores do Município de Lisboa (STML) criticou a “alienação ao desbarato” de património camarário onde funcionam serviços municipais, considerando que isso tem implicações na vida dos funcionários e no exercício de funções.

“O atual executivo liderado por Fernando Medina, mantendo como homem-chave em todos os negócios de venda de edifícios e terrenos públicos o vereador [do Urbanismo] Manuel Salgado, tem optado por caminhos onde se valoriza acima de tudo, aparentemente, o favorecimento do negócio especulativo imobiliário e a desregulação que lhe está associada”, critica o sindicato em comunicado.

Para o STML, a “política de alienação ao desbarato de património municipal” levanta “sérias dúvidas”, pois envolve “trabalhadores e serviços municipais e a sua capacidade de resposta às necessidades da população e da própria cidade de Lisboa”.

Falando à Lusa, o presidente do STML, Vítor Reis, defendeu que “a Câmara, com o grande património que tem, podia fazer uma melhor gestão para minimizar o impacto no dia-a-dia dos trabalhadores”.

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Para o responsável, as alterações são “não só prejudiciais para a vida pessoal dos trabalhadores, que já estavam habituados a ir para determinado local, como para o próprio serviço, por implicarem adaptação”.

O sindicato critica o realojamento temporário de serviços municipais técnicos e administrativos que atualmente funcionam em Alcântara, na Rua da Boavista e em Monsanto, para depois serem transferidos definitivamente para um complexo da autarquia nos Olivais, que vai ser ampliado, aproveitando-se um terreno contíguo que a autarquia comprou.

Na semana passada, o executivo municipal (de maioria PS) aprovou — com os votos contra do CDS-PP e do PCP — a celebração de um contrato de arrendamento no valor de 3,4 milhões com a Entreposto, Gestão Imobiliária. É neste edifício da empresa, na Praça José Queirós (Olivais), que os serviços de Alcântara, da Rua da Boavista e de Monsanto vão ser realojados temporariamente, por cinco anos.

Nessa proposta, assinada por Manuel Salgado, explica-se que em causa está um “modelo de racionalização de meios e de recursos cuja otimização requer uma localização adequada”.

“A concretização dessa estratégia inclui o agrupamento dos serviços municipais em três grandes polos” — a Praça do Município, o Campo Grande e os Olivais –, acrescenta o autarca, justificando que o arrendamento temporário se deve ao “tempo necessário para realização das obras de ampliação nas instalações preexistentes a concretizar em terreno contíguo”, nos Olivais.

No caso de Alcântara, a transferência de cerca de 200 trabalhadores deve-se à venda em hasta pública, em janeiro de 2015, do terreno conhecido como “triângulo dourado”, no qual vai nascer um hospital privado do grupo José de Mello Saúde.

Em relação à Rua da Boavista, os perto de 200 funcionários “já sabem que vão ter de sair porque aquilo [o edifício] vai para hasta pública”, apontou Vítor Reis.

Segundo o sindicalista, no caso de Monsanto, são cerca de 30 os trabalhadores que serão transferidos para os Olivais, no seguimento desta reorganização.

Em nenhum dos casos a autarquia transmitiu uma data para a mudança, adiantou Vítor Reis.