O secretário-geral da ONU referiu esta quinta-feira que a condenação por um tribunal internacional do ex-líder dos sérvios da Bósnia Radovan Karadzic assinala “um dia histórico para os povos da região e mais além, e para a justiça internacional”.

O veredito “envia um sinal forte a todos os que estão em posição de responsabilidade, indicando que lhes serão pedidas contas pelos seus atos”, acrescentou Ban Ki-moon, citado por um porta-voz.

O Tribunal Penal Internacional para a ex-Jugoslávia (TPIJ, uma instância judicial ‘ad hoc’ da ONU) condenou esta quinta-feira Karadzic a 40 anos de prisão por genocídio, crimes de guerra e crimes contra a humanidade.

Karadzic, 70 anos, foi designadamente acusado de genocídio contra a população não sérvia da cidade de Srebrenica, leste da Bósnia, em julho de 1995.

Segundo o tribunal, é ainda culpado de ter participado numa organização criminal comum destinada a aterrorizar a população civil de Sarajevo durante o cerco de 1992 a 1995, e de ter feito reféns “capacetes azuis” da ONU.

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Com a confirmação desta acusação, Karadzic é o primeiro indiciado do TPIJ a ser condenado por genocídio durante as guerras jugoslavas, uma sentença que poderá ter um enorme impacto para as organizações das vítimas e a opinião pública de Sarajevo, que em 2008 celebrou a sua detenção.

Do lado sérvio, muitos consideram pelo contrário o TPIJ como uma jurisdição parcial, e esta sentença poderá ser explorada numa vertente nacionalista pelo governo de Banja Luka, capital da entidade sérvia da Bósnia.

No domingo, Milorad Dodik, atual presidente da RS, acompanhado pela mulher de Karadzic e pela sua filha Sonja, inaugurou oficialmente uma residência estudantil em Pale, nos arredores de Sarajevo, contemplada com o seu nome.

“Queremos dedicar esta residência a um dos fundadores da Republika Srpska”, sublinhou Dodik, que também criticou a “justiça seletiva do Tribunal penal internacional, unicamente dirigida contra um povo e os seus representantes”.

Natural de Petnjica, uma povoação rural do Montenegro onde nasceu em 19 de junho de 1945, Karadzic tinha cinco anos quando conheceu pela primeira vez o seu pai, detido pelo poder comunista jugoslavo por ter participado no movimento monárquico dos ‘tchetniks’ durante a Segunda Guerra Mundial.