Os Estados Unidos vão desbloquear uma nova verba de 20 milhões de dólares (17,9 milhões de euros) para ajudar os refugiados e migrantes que afluíram à Europa desde o início de 2015, anunciou um responsável governamental.

De visita à ilha grega de Lesbos, principal porto de entrada na Europa, a secretária-adjunta norte-americana responsável pela gestão de recursos, Heather Higginbottom, sublinhou que os Estados Unidos pretendem garantir que a aplicação do acordo União Europeia (UE)-Turquia para travar a rota migratória no mar Egeu respeita o direito de asilo e garante a proteção dos refugiados.

“Estamos ávidos de detalhes” sobre a forma como vai ser aplicado, e quando a situação de momento “está um pouco num limbo”, sublinhou, após se ter deslocado ao ‘hotspot’ de Moria, transformado desde o acordo num centro de retenção para refugiados e migrantes.

Os novos fundos fazem subir para 43,6 milhões de dólares (39 milhões de euros) o montante total que Washington destinou desde 2015 à crise migratória na Europa, adiantou.

O Alto Comissariado da ONU para os refugiados (ACNUR) vai receber a principal fatia (17,5 milhões de dólares, 15,6 milhões de euros), destinados a fornecer “abrigo, alimentação e proteção aos mais vulneráveis dos refugiados e migrantes através da Europa, incluindo a Grécia”, precisou Higginbottom.

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O restante será distribuído entre a Federação internacional da Cruz Vermelha — Crescente Vermelho (1,7 milhões de euros) e o Fundo para a população da ONU.

A responsável de Washington precisou ter-se deslocado à Grécia para presenciar em detalhe a forma como vai ser aplicado o acordo UE-Turquia de 18 de março, que prevê o reenvio para a Turquia de todos os migrantes que chegaram irregularmente à Grécia, incluindo os requerentes de asilo sírios. De seguida, desloca-se a Genebra para participar numa reunião organizada pelo HCR sobre o acolhimento de refugiados sírios.

Este acordo “é um bom primeiro passo para controlar o fluxo migratório mas muitos dos seus elementos ainda necessitam de ser trabalhados”, sublinhou.

O texto inclui “a proteção dos refugiados e pretendemos ver esse aspeto muito bem aplicado, é aí que estamos a insistir”, assinalou.

No decurso da sua visita a Moria, dezenas de migrantes protestaram aos gritos de “liberdade!”, e “onde estão os direitos do homem”, vigiados por um contingente policial.

Na quarta-feira o Governo grego deve apresentar um projeto-lei destinado a precisar as modalidades do tratamento dos migrantes e refugiados abrangidos pelo acordo, e que começa a incluir todos os que alcançaram as ilhas após 20 de março.

Em princípio, e quando estiverem operacionais os 4.000 agentes gregos e europeus que devem participar na operação, os reenvios em direção à Turquia devem ser iniciados, mesmo que continue a ser possível requerer o direito de asilo.