Menos de metade dos doentes portugueses que entram nas unidades de AVC são admitidos através do sistema Via Verde. Este valor indica muitos portugueses optaram por não ligar para o 112 e se dirigiram ao hospital por meios próprios.

Teresa Cardoso, da Sociedade Portuguesa de Medicina Interna, avisa que é necessário que os doentes reconheçam os primeiros sinais de alerta e liguem de imediato o 112, já que as primeiras horas de um AVC (acidente vascular cerebral) são decisivas para a sobrevivência e para o tratamento.

“Apenas 43% dos doentes que entram nas unidades de AVC entram através da Via Verde. A Via Verde permite um trajeto rápido do doente quando dá entrada no hospital, mas para isso é preciso que o doente tenha consciência e seja sensível aos sinais de alerta: boca ao lado, dificuldade em falar e perda de força de um dos lados do corpo”, referiu a médica internista à agência Lusa em vésperas do Dia Nacional do Doente com AVC, que se assinala na quinta-feira.

A coordenadora do Núcleo de Estudos da Doença Vascular Cerebral (NEDVC) da Sociedade Portuguesa de Medicina Interna lembra que a rapidez da chegada ao hospital e da entrada numa unidade de AVC é determinante para beneficiar dos melhores tratamentos: “Quanto mais demorada foi a chegada ao hospital mais se aproxima do zero a probabilidade de beneficiarem de um tratamento eletivo”.

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Além disso, a especialista refere que “está a começar uma nova era no tratamento do AVC agudo” e, para o maior número de doentes beneficiar dela, “é preciso encurtar o tempo desde o início dos sintomas até à realização da terapêutica”.

Atualmente, nos doentes com acidente vascular isquémico, há já um tratamento – a trombectomia (retirada do trombo por métodos mecânicos) – com grande eficácia nas horas iniciais, mas é uma terapêutica que só se aplica a um determinado grupo de doentes com AVC e só está disponível nos grandes centros.

A par deste, há ainda a trombólise, mas também aqui o tempo é determinante no sucesso do procedimento e na sobrevida do doente com autonomia.

“Colocar o doente certo no hospital certo com a equipa certa resultará num maior número de doentes elegíveis para este tratamento específico. O objetivo último é aumentar a percentagem de doentes a fazer trombólise e intervenção endovascular”, refere Teresa Cardoso.

De acordo com o último relatório da Direção-geral da Saúde, morreram 11.751 pessoas por doenças cerebrovasculares, 1.773 das quais por AVC hemorrágico e 6.099 por AVC isquémico.

Ainda assim, estes números traduzem uma diminuição de 1.269 mortes comparativamente a 2012, ano em que a mortalidade total por doenças cerebrovasculares se cifrou em 13.020 casos.