No meio da polémica sobre a prisão dos 17 ativistas e quando o Parlamento português debate votos de condenação a Angola, do BE e do PS, o Jornal de Angola revela que o presidente da Assembleia da República enviou uma mensagem ao seu homólogo angolano afirmando a importância do estreitamento de laços entre os dois países. Carta foi enviada pelo Presidente da Assembleia da República em janeiro, depois de ter recebido a congratulação angolana de ter assumido funções e seguiu modelo enviado a outros países da CPLP e a parceiros da União Europeia.

A carta de Ferro Rodrigues foi divulgada esta quinta-feira pelo Jornal de Angola, que funciona como voz oficial do regime angolano, presidido por José Eduardo dos Santos. Na mensagem, Ferro Rodrigues afirma que espera que o Parlamento português e o Parlamento angolano venham a cooperar com maior proximidade no futuro. “Acho ser o momento de reforçar os laços que unem Angola e Portugal, estreitando a salutar cooperação há muito existente entre os dois parlamentos e perspetivar novas formas de aproximar Portugal e Angola”, escreveu o presidente da Assembleia da República.

Esta mensagem é conhecida no dia em que o Parlamento vai votar dois votos de condenação pela sentença aplicada aos ativistas 15+2, grupo do qual faz parte o luso-angolano Luaty Beirão. O documento do Bloco de Esquerda, que acabará chumbado uma vez que a direita vota contra e o PS se abstém, pede mesmo a libertação imediata dos ativistas. O PSD já disse que vai votar contra e que isto se trata de “uma ingerência” nos assuntos internos e da justiça angolana. Os socialistas apresentaram também um voto de condenação pela prisão dos ativistas, mas não concordam com o pedido de libertação imediata dos 17 homens.

No entanto, o Observador sabe que a carta foi enviada em janeiro, embora a divulgação da missiva tenha acontecido apenas esta quinta-feira no Jornal de Angola. Esta carta seguiu para Luanda após a tomada de posse de Ferro Rodrigues, depois de o Parlamento angolano ter felicitado o presidente da Assembleia da República por ter assumido funções. A mesma missiva chegou também a outros parlamentos da CPLP, aos membros da União Europeia e outros parlamentos que felicitaram o socialista.

Nota: Notícia alterada às 16:49, altura em que o Observador soube que a missiva foi enviada em janeiro e que se assemelhava a outras cartas enviadas na altura.

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