A Moovit chegou esta quinta-feira oficialmente a Lisboa, Porto, Coimbra e Funchal. Depois de perto de um ano a ser testada em versão beta, a aplicação gratuita de transportes – que combina dados oficiais de tráfego com informações em tempo real – conta com cerca de 125 mil utilizadores. Ao Observador, o vice-presidente de marketing e comunicação, Alex Torres, disse que espera chegar a mais cidades portuguesas até ao final do ano.

Já estávamos a fazer um teste à aplicação há algum tempo e chegámos aos 125 mil utilizadores em poucos meses. Percebemos que tínhamos de estar aqui. E eu acredito em Portugal enquanto país. É um país que está a inovar, vai ter a Web Summit, vai haver muito investimento para a área tecnológica. E não havia no mercado nenhuma app com as nossas características”, explicou Alex Torres.

A aplicação funciona com recurso a comunidades. Em Portugal, a Moovit conta com mais de 640 editores em Lisboa, e mais de 90 no Porto, que ajudam a manter os dados da aplicação com a maior atualização possível. Alex Torres referiu que acredita nestas comunidades, que ajudam a desenvolver um produto cada vez melhor.

Em Portugal, a Moovit proporciona informação atualizada sobre os autocarros SMTUC em Coimbra, HF e EACL no Funchal, 10 sistemas de transporte diferentes em Lisboa (incluindo Metropolitano de Lisboa, linhas de VLT de Metro Transportes do Sul e as linhas da CP), e cinco sistemas de trânsito no Porto (incluindo as linhas da CP Porto e as linhas do metro do Porto).

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Alex Torres explicou que o grande desafio tem sido o de definir toda a área da região da Grande Lisboa. “É preciso conhecer os nossos utilizadores, conhecer os seus históricos, para depois podermos fazer mudanças”, disse. Sobre os testes que foram já feitos, diz que os resultados foram muito semelhantes ao que já havia acontecido noutras cidades. A Moovit atua em 64 países.

“O teste que implementámos em Portugal foi muito semelhante ao que implementámos na Austrália, mas com 250.000 utilizadores. Achamos sempre que vamos descobrir coisas novas, mas não. As pessoas dão o mesmo feedback – que a aplicação ajuda a planear o tempo, dá todas as opções possíveis e que não precisam de instalar mais nenhuma”, diz.

Os utilizadores do Moovit também podem enviar relatórios com dados sobre as suas experiências de viagem: de congestionamento, limpeza, cancelamentos, mudanças, entre outros. Estes dados provenientes são apresentados, em tempo real, a outros utilizadores.

Sobre o que ainda há a melhorar, Alex Torres diz que, enquanto empreendedor, vai querer sempre ajudar as pessoas. E que não importa os desafios que vai ter de ultrapassar. “Eu não me foco no negativo, porque é sempre possível transformá-lo em positivo”, referiu.

Nascida em Telavive, a Moovit emprega 75 colaboradores na capital israelita e em Silicon Valley. O responsável diz que não está previsto abrir escritório em Portugal, mas que está “muito contente” com a realização da Web Summit em Lisboa.

“Acho que vai ser muito bom para a economia. Espero que o setor público e o privado se reúnam e decidam que Portugal é um ótimo sítio para que mentes brilhantes façam grandes coisas. Portugal tem grandes universidades, não tem falta de talento. Acho que o problema é mais de investimento”, diz.

Quando questionado sobre o que é que Lisboa pode aprender com Telavive, Alex Torres refere a autodeterminação. “Sejam determinados, não peçam licença, façam o que têm de fazer. Mas isto não é um problema só português, é europeu. Quando me mudei para Silicon Valley, há dez anos, percebi que se não te relacionares, se não fores ter com as pessoas e falares, vais acabar por te perder. Não podes ser tímido, porque não vai funcionar. E com todas as redes sociais que temos agora, podes falar com qualquer pessoa de qualquer parte do mundo”, explica, sem deixar de referir que é preciso pensar global. “O problema de um ser humano pode ser o problema de vários seres humanos em qualquer parte do mundo”, disse.

A Moovit está disponível gratuitamente para os sistemas operativos iOS e Android e é usado por mais de 35 milhões de utilizadores, em mais de 800 cidades e 64 países.