…mas tudo não passava de uma “peta” do Diário de Notícias para assinalar o dia das mentiras. Afinal, Marcelo não tinha ganhado o totoloto, nem os 25 345 987$30 do primeiro prémio. Mas nem por isso deixou de alinhar na brincadeira.
A notícia do DN arrancava assim: “Marcelo Rebelo foi o único totalista do Totoloto ganhando, por isso, 25 345 987$30. O DN tentou contactar o jovem professor de Direito e patrono da Nova Esperança social-democrata, mas todas as diligências para o efeito resultaram infrutíferas. Fontes próximas daquele conhecido analista político disseram-nos não poder revelar o seu paradeiro, admitindo, no entanto, a possibilidade de Marcelo Rebelo de Sousa, logo que conhecida a feliz notícia, se ter refugiado numa quinta dos arredores da capital, fugindo, assim, à curiosidade dos seus amigos e admiradores que, entre si, já fazem apostas de como o dinheiro irá ser entregue.”
A fotografia de um Marcelo boquiaberto acrescentava um pormenor delicioso à história. A legenda fazia o resto. “Marcelo Rebelo de Sousa: a surpresa de ir receber 25 345 987$30 e de ser o primeiro entre os primeiros do Totoloto”.
O melhor, no entanto, viria depois. Contactado pelo jornal A Capital, Marcelo não só alinhou na brincadeira, como ainda dava um destino ao prémio fictício. O dinheiro que supostamente ganhara, assegurava o agora Presidente da República, serviria para pagar os ordenados em falta aos jornalistas do Diário de Notícias.
O DN acabaria por repor a verdade na edição seguinte, a 2 de abril. Conhecido pelo sentido de humor apurado – até mordaz -, Marcelo admitiu ter achado a brincadeira “simpática” e “divertida”.
Quem não terá gostado assim tanto terá sido o jornalista d’Capital a quem o então professor confirmou ter recebido, de facto, os 25 mil “contos” no totoloto. Marcelo a ser Marcelo.