A população de Santo Amaro da Boiça, em Maiorca, atravessada pelo percurso alternativo entre Coimbra e a Figueira da Foz, face à interrupção da autoestrada A14, teme pela segurança da via cujo tráfego aumentou exponencialmente hoje.

Em causa, para além da circulação dentro da aldeia, numa via municipal estreita em alguns locais e sem passeios, está a segurança de uma ponte à saída da povoação, em direção a Maiorca, junto a um aqueduto agrícola.

“Se isto continua assim, com camiões a passar todos os dias, a ponte não vai aguentar. Deviam pensar melhor estas coisas, é trânsito a mais para esta estrada”, disse à agência Lusa Fernando Santos, morador na localidade.

Ouvido pela Lusa, o comandante da Proteção Civil municipal, Nuno Osório, recusou que haja “qualquer problema” com a estabilidade das pontes que atravessam a via, junto aos terrenos agrícolas daquela região do Mondego, alegando que as autoridades têm vindo a monitorizar “constantemente” o local.

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“Não há qualquer problema. O problema é a extensão do percurso alternativo [cerca de 12 km entre Maiorca e Quinhendros, na EN 111, já no concelho de Montemor-o-Velho] e a duração do trajeto”, assinalou.

Na manhã de hoje, o percurso entre Coimbra e a Figueira da Foz demorava, em média, mais de uma hora a cumprir, o dobro do tempo estimado na circulação pela autoestrada A14.

Ao início da manhã chegaram a formar-se algumas filas na aldeia de Santo Amaro da Boiça – nomeadamente no acesso a um jardim-de-infância ali localizado, quando os pais foram levar os filhos à escola – mas ao longo do dia o tráfego foi diminuindo, embora os moradores assumam que as rotinas “mudaram um bocadinho” face ao aumento da circulação de automóveis e veículos pesados, à mistura com tratores agrícolas.

Fernando Santos deixou o carro em casa e saiu de bicicleta e, no regresso, debaixo de chuva, com o veículo pela mão, parou num dos largos da aldeia, à conversa com um amigo: “Não tenho medo e é muito mais prático, com tanto carro a circular”, alegou.

“Santo Amaro está transformada numa cidade”, disse, por seu turno, José Cardoso, olhando para o aumento do tráfego na aldeia. “Só é perigoso para quem o faz perigoso, se andarmos com cuidado não há crise, o maior problema são os camiões”, frisou.

Já na vila de Maiorca, nomeadamente no local onde a estrada municipal 581 entronca com a EN 111, os moradores alegam que faltam placas de sinalização a indicarem a direção a seguir para a Figueira da Foz.

“Quem vem de Coimbra e está habituado à autoestrada não conhece isto e quando aqui chega vai em frente para a igreja e depois anda às voltas”, disse José Carlos, morador na freguesia.

“Deviam por mais placas, o desvio para Maiorca está sinalizado mas para a Figueira não está”, alegou.

A zona junto ao cruzamento com a EN 111 foi um dos locais identificados nas preocupações do presidente da junta de Maiorca, Filipe Dias, que em declarações anteriores à Lusa lembrou a escola do 1º ciclo ali existente, cujo refeitório fica do outro lado da estrada.

Hoje, à hora do almoço, cerca de meia centena de crianças foi acompanhada na travessia da rua por dois elementos da GNR, não se tendo registado qualquer incidente.

A A14 está interdita à circulação automóvel, na zona de Maiorca, concelho da Figueira da Foz, desde as 08:30 de domingo, na sequência de um aluimento do piso.

A EN111, que deveria funcionar como “alternativa natural” à autoestrada A14, está também interrompida ao trânsito, nos dois sentidos, devido a obras na zona das Pontes de Maiorca, mas a intervenção camarária vai ser suspensa para permitir a instalação de uma ponte militar naquela via, permitindo a sua reabertura, anunciou no domingo o presidente da Câmara, João Ataíde.

A ponte militar será instalada a partir de quarta-feira e os trabalhos têm um prazo de sete a nove dias, devendo estar concluída até final da próxima semana.