A Tailândia é um dos mais populares destinos turísticos do mundo, com quase 22 milhões de turistas por ano. Mas essa fama pode ter sido ganha através da manipulação de dados acerca das mortes de turistas no país, conta o El Confidencial. Os meios de comunicação britânicos mencionam a Tailândia como sendo uma “perigosa armadilha” para os seus visitantes. Esta designação surge depois de vários turistas ingleses terem sido vítimas de crimes que tiveram um grande impacto mediático.

Se, por um lado, livros como “Tailândia: destino mortal”, escrito pelo australiano John Stapleton, têm grande popularidade, os guias de viagem publicitam o destino como sendo seguro. A verdade é que cada vez mais turistas morrem na Tailândia e as circunstâncias em que essas mortes ocorrem são, muitas vezes ocultadas ou manipuladas. Acredita-se, ainda, que o número de mortes é muito superior ao divulgado pelo governo tailandês.

Em 2015, o governo divulgou que pelo menos 83 turistas perderam a vida no país, um aumento de 54% em relação aos anos anteriores. Há fortes indícios de que estes números tenham sido manipulados, já que o Departamento dos Assuntos Exteriores da Austrália registou a morte de 109 cidadãos australianos em território tailandês. Este ano, só nos primeiros três meses já foram noticiadas as mortes de 97 estrangeiros.

Ainda que o aumento de casos mortais seja preocupante, é preciso contextualizar os números. As mortes são muitas, mas, num país com um fluxo anual de cerca de 22 milhões de turistas, as probabilidades de morrer são ínfimas. De um em 300.000, mais especificamente. A qualificação de “destino mortal” divulgada pela comunicação social britânica é exagerada, mas este é um fenómeno que merece atenção.

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Todas as semanas são divulgados suicídios de estrangeiros no país do sudoeste asiático. A verdade é que a mediatização destes casos pode incitar a que os números aumentem. Os casos mediatizados contam histórias de homens que saltam de um edifício depois de terem sido abandonados por uma mulher ou que gastaram todas as suas poupanças por terem alargado a estadia no país. A maioria dos estrangeiros que morrem nestas condições são homens que vivem cidades como Phuket ou Pattaya onde o turismo sexual é um grande atrativo.

Mas a verdade é que muitos dos casos que são rotulados como suicídios levantam algumas suspeitas. As autoridades arquivaram o caso de um turista russo que foi apunhalado sete vezes, dizendo que este se tinha suicidado. O mesmo aconteceu com um turista francês que morreu enforcado com as mãos atadas atrás das costas.Outra das causas apontadas são falhas cardíacas, que levantam suspeitas quando muitas das suas vítimas são jovens sem historial de doenças cardíacas.

Na hora de procurar os culpados pelas mortes de estrangeiros, as autoridades tailandesas tentam sempre ilibar os nativos. Exemplo disso foi o caso de David Miller e Hannah Witheridge, um casal britânico que foi assassinado. Neste processo, dois trabalhadores da Birmânia foram condenados à morte apesar de as provas apresentadas não serem conclusivas. Muitas das vezes as culpas são atribuídas a máfias internacionais.

Apesar do elevado número de suicídios e homicídios, a principal causa de morte na Tailândia são os acidentes rodoviários. Num país em que as regras de trânsito foram feitas para ser quebradas, recomenda-se aos turistas que usem sempre capacete quando andarem de mota e que não aluguem automóveis se não conhecerem bem as estradas. Devem ser evitados os autocarros e outros meios de transporte rodoviário pouco seguras. A Tailândia é o segundo país do mundo com maior taxa de mortalidade na estrada, atrás das Honduras.