O Presidente do Panamá, Juan Carlos Varela, disse hoje que a decisão de França de voltar a incluir o país na sua lista de paraísos fiscais, na sequência do escândalo dos “Papéis do Panamá”, é “errada e desnecessária”.

O Governo francês publicou na sexta-feira o decreto que inclui o Panamá na lista de paraísos fiscais, informando que a partir de 01 de janeiro próximo vai aplicar ao país “as medidas fiscais dissuasoras”, sem precisar detalhes.

“Quero deixar claro que a decisão tomada pelo Governo francês é uma medida errada e desnecessária, ainda mais num momento em que há uma comunicação entre os dois chefes de Estado e em que o mundo pede a cooperação multilateral de todos os países para enfrentar os desafios globais “, disse o presidente panamiano aos jornalistas.

Juan Carlos Varela acrescentou que o ministro das Finanças do Panamá, Dulcidio de la Guardia, vai viajar para Paris na terça-feira para salientar que o Panamá é um país “digno, respeitador e aberto ao diálogo”, e que está comprometido com um maior nível de transparência.

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A afirmação de Juan Carlos Varela ocorre horas depois da conversa telefónica mantida com o Presidente francês, François Hollande, na qual se comprometeram a implementar de forma “efetiva” o acordo vigente entre ambos os países para evitar a dupla tributação e facilitar a troca de informação.

Uma investigação realizada por uma centena de jornais em todo o mundo sobre 11,5 milhões de documentos revelou bens em paraísos fiscais de 140 responsáveis políticos ou personalidades públicas.

O conjunto de documentos, denominados “Papéis do Panamá”, provém da empresa de advogados panamiana Mossack Fonseca.

Segundo o Consórcio Internacional de Jornalistas de Investigação, que reuniu para este trabalho 370 jornalistas de mais de 70 países, mais de 214.000 entidades ‘offshore’ estão envolvidas em operações financeiras em mais de 200 países e territórios em todo o mundo.

A maior investigação jornalística da história, divulgada na noite de domingo, envolve o Consórcio Internacional de Jornalistas de Investigação (ICIJ, na sigla inglesa), com sede em Washington, e destaca os nomes de 140 políticos de todo o mundo, entre eles 12 antigos e atuais líderes mundiais.

A investigação resulta de uma fuga de informação e juntou cerca de 11,5 milhões de documentos ligados a quase quatro décadas de atividade da empresa panamiana Mossack Fonseca, especializada na gestão de capitais e de património, com informações sobre mais de 214 mil empresas “offshore” em mais de 200 países e territórios.

A partir dos Papéis do Panamá (Panama Papers, em inglês) como já são conhecidos, a investigação refere que milhares de empresas foram criadas em “offshores” e paraísos fiscais para centenas de pessoas administrarem o seu património, entre eles rei da Arábia Saudita, elementos próximos do Presidente russo Vladimir Putin, o presidente da UEFA, Michel Platini, e a irmã do rei Juan Carlos e tia do rei Felipe VI de Espanha, Pilar de Borbón.