Apesar de na sexta-feira Ilídio Pinho ter negado a existência de offshores suas, a verdade é que o empresário não só teve uma offshore no Panamá, como a usava em ligação com as atividades da sua fundação. A notícia é hoje avançada pelo Expresso e pela TVI, os dois meios de comunicação social portugueses que fazem parte do Consórcio Internacional de Jornalistas que investigou o escândalo.

“Não tenho rigorosamente nada a ver com isso, absolutamente zero”, afirmou o empresário. E salientou, sobre a sua fundação: “Temos projetos científicos em que participam 200 mil alunos e professores, a quem já demos 2,5 milhões de euros em prémios. A minha atividade é patriótica.”

A Fundação Ilídio Pinho foi criada em maio de 2000 e recebeu perto de 50 milhões de euros de contribuições da IP Holding SGPS SA, o grupo empresarial liderado por Ilídio Pinho. Os documentos da Mossack Fonseca a que o Expresso e a TVI tiveram acesso associam-no a uma offshore nas Ilhas Virgens Britânicas, a IPC Management Inc, e também a ligações uma conta bancária do UBS no Luxemburgo.

Lê-se nos documentos da Mossack Fonseca que a 26 de agosto de 2006, uma reunião da administração de uma offshore com sede no Panamá, a Stardec Investments SA, aprovava a lista de responsáveis autorizados a mexer numa conta bancária da IPC Management Inc. A lista era liderada por Ilídio Pinho. E incluía igualmente outros quatro membros do Conselho Superior da Fundação Ilídio Pinho: João Costa Carvalho, Paula Quental, Daniela Pinho Gonçalves e Maria Emília Costa Pinho.

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O nome de Ilídio Pinho surge associado à IPC Management Inc pelo menos desde 2005. Os Papéis do Panamá revelam que essa companhia offshore chegou a usar antes disso o nome “Fraybell Company”. Uma fatura de outubro de 2007 aponta para que a IPC Management Inc. e a Fundação Ilídio Pinho eram, na verdade, a mesma entidade. A fatura de 9820 francos suíços, emitida pela Safe Host, uma empresa fornecedora de serviços tecnológicos, indica como nome do cliente a “IPC Management Inc. (Fundação Ilídio Pinho)”.

Um outro documento dos Papéis do Panamá, datado de Maio de 2009, mostra que a IPC Management Inc tinha também relações com outros bancos, entre os quais o JP Morgan.

O último relatório e contas publicado pela Fundação Ilídio Pinho mostra que a entidade tinha no final de 2014 um ativo de 20,6 milhões de euros (abaixo dos 31,3 milhões contabilizados em 2013) e um passivo de 636 mil euros (contra 7,7 milhões de passivo em 2013). De 2013 para 2014 a instituição passou de um lucro de 4,5 milhões de euros para um prejuízo de 3,5 milhões.