A Polícia da Beira, centro de Moçambique, está sem pistas sobre os atiradores que mataram sábado um dirigente da Renamo e conselheiro militar do chefe de Estado e seus dois companheiros, disse esta segunda-feira à Lusa fonte policial.

José Manuel, membro do Conselho Nacional de Defesa e Segurança, em representação da Resistência Nacional Moçambicana (Renamo) e membro da ala militar do principal partido da oposição, foi atingido por tiros de desconhecidos à saída do aeroporto internacional da Beira, perto das 23:30 locais de sábado.

Outras duas pessoas que estavam na sua companhia, no táxi-moto (‘txopela’) que fazia o trajeto Aeroporto-Mercado Mascarenhas, também foram atingidas por balas, tendo um deles morrido no local e o outro sucumbido a caminho do Hospital Central da Beira.

“Neste momento a Polícia continua diligenciando para encontrar os autores deste crime, para a posterior responsabilização. Os autos foram lavrados, relatando todos os factos constatados no terreno”, disse à Lusa Daniel Macuacua, porta-voz da polícia de Sofala, adiantando que um processo foi aberto contra desconhecidos por “crime de homicídio voluntário”.

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Relatando o incidente, Daniel Macuacua, disse que um grupo de homens armados, transportando-se numa viatura, barrou a ‘tchopela’ e abriram fogo contra os ocupantes do táxi.

“A polícia da 9.ª esquadra, no bairro do Aeroporto, foi chamada para atender ao caso de homicídio voluntário que aconteceu na via pública”, disse Daniel Macuacua.

António Muchanga, porta-voz da Renamo, confirmou o assassínio do dirigente da oposição, declarando que o incidente está em linha com uma alegada operação de perseguição e execuções de membros do partido de oposição.

“Tomámos conhecimento que o nosso colega foi crivado de balas, quando saia do aeroporto para a cidade na Beira”, afirmou Muchanga.

O incidente ocorreu no mesmo dia em que dirigentes políticos, incluindo o chefe de Estado, Filipe Nyusi, e religiosos moçambicanos clamaram por paz e reconciliação dos, durante as exéquias fúnebres de Jaime Gonçalves, arcebispo emérito da Beira e mediador católico dos acordos de Roma, em 1992, que selaram 16 anos de guerra civil.

Foi também na Beira que, a 20 de janeiro, o secretário-geral da Renamo, Manuel Bissopo, ficou ferido num ataque a tiro por desconhecidos, num incidente que continua por esclarecer.

A Renamo ameaça governar à força nas seis províncias onde reivindica vitória nas eleições gerais de 2014, acusando o partido no poder, a Frelimo, de ter protagonizado uma fraude eleitoral no último escrutínio.

Os últimos meses foram marcados por um agravamento da situação política e militar, com o registo de confrontos entre as partes e emboscadas nas principais estradas na região centro do país atribuídas ao braço armado da oposição.