Os arquitetos portugueses Álvaro Siza Vieira, Eduardo Souto de Moura, Gonçalo Byrne, Alexandre Alves Costa e Sérgio Fernandez manifestaram-se satisfeitos com a homenagem, em Paris, aos últimos 50 anos da arquitetura portuguesa.

A exposição “Les Universalistes”, na Cité de l’Architecture & du Patrimoine, abre hoje ao público e vai estar patente até 29 de agosto, propondo um olhar sobre meio século da produção arquitetónica portuguesa, através de projetos de Álvaro Siza Vieira, Eduardo Souto de Moura, Gonçalo Byrne, Nuno Teotónio Pereira, Nuno Portas, Pancho Guedes, Fernando Távora, João Luís Carrilho da Graça, Nuno Mateus e José Mateus, entre outros.

“Acho que é uma muito boa divulgação da arquitetura portuguesa hoje, e acho que está muito bem organizada, é muito clara, muito pedagógica”, disse à Lusa Álvaro Siza Vieira, em Paris.

Também Eduardo Souto de Moura se manifestou “contente” por apresentar vários projetos na exposição e por publicar um texto no catálogo da mostra, ainda que tenha admitido que a legislação em França “é asfixiante” e que se tornou “uma obsessão dos arquitetos”.

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Alexandre Alves Costa disse estar “muito feliz” com a realização da mostra, considerando que “a arquitetura em Portugal é uma forma de manifestação cultural onde existe uma qualidade muito grande” e que “é bom mostrar isso fora de Portugal”.

Gonçalo Byrne afirmou à Lusa que se trata de um “sinal muito positivo” que a exposição seja recebida na Cité de la Architecture, em Paris, mas destacou ter consciência de que “não há um público tão alargado como o há para outras questões”.

Na conferência de imprensa de apresentação da exposição, realizada ao fim da tarde de terça-feira, os arquitetos portugueses defenderam, também, que é preciso criar soluções nas cidades para acolher a nova vaga de emigração para a Europa.

Álvaro Siza Vieira, que apresenta na exposição projetos construídos no âmbito do programa SAAL (Serviço de Apoio Ambulatório Local), logo após o 25 de Abril de 1974, como o Bairro de São Vítor, no Porto, ou o Bairro da Malagueira, em Évora, defendeu que “é preciso criar zonas novas que não sejam guetos”.

“Vai haver uma afluência às cidades, está a haver já, que não se resolve levantando muros e proibindo a entrada. Vai haver aí campo para respostas que não signifiquem segregação, mas sim integração”, defendeu o Prémio Pritzker portuense.

Já o outro Pritzker português, Eduardo Souto de Moura, lembrou que em Portugal houve uma “operação exemplar após a independência das colónias”.

“As pessoas esquecem que, no prazo de dez ou quinze dias, entraram um milhão de portugueses. Ninguém fez um bairro para os retornados (…). Instalou-se esse milhão de pessoas em asilos, hotéis abandonados, nas termas e depois foram sendo colocados”, lembrou Souto de Moura, destacando que “não foram cem mil ou dez mil, mas um milhão” de pessoas.

O arquiteto Sérgio Fernandez, um dos desenhadores do programa SAAL, considerou que “não há nenhuma possibilidade de repetir essa situação excecional” e sublinhou que “tudo o que se faça de habitação, não pode ser a habitação social, tem de ser habitação na cidade e completamente integrada com tudo o resto”.

A exposição “Les universalistes” está integrada no programa do cinquentenário da Gulbenkian de Paris, que também é marcado pela retrospetiva no Grand Palais da obra do pintor Amadeo de Souza-Cardoso, que abre ao público no próximo dia 20 de abril e vai estar patente até 18 de julho.