O ex-presidente da Comissão Europeia diz que não conhece a solução proposta pelo primeiro-ministro, mas defende que “algo deve ser feito em Portugal para resolver as questões dos bancos. Há muito que se fala nisso, a situação da banca continua difícil apesar de todos os esforços feitos. Com certeza que é do interesse português e europeu que se encontre uma solução, que haja plena confiança na banca portuguesa”.

Barroso esteve na Universidade Católica Portuguesa, na Cimeira das Democracias, e foi à margem do encontro que falou na necessidade de “olhar para a definitiva estabilização do sistema financeiro”, já que se trata “do principal meio de financiamento da economia. Se os bancos continuam com retração, isso limita a capacidade de investimento” do país”.

Este fim-de-semana, numa entrevista à TSF e ao Diário de Notícias, António Costa defendeu a criação de um veículo para limpar a banca dos ativos de má qualidade. “Temos de trabalhar com as instituições regulatórias, com as instituições financeiras na resolução dos chamados Non Performing Loans [crédito malparado] e acho que era útil para o país encontrar um veículo de resolução do crédito malparado, de forma a libertar o sistema financeiro de um ónus que dificulta uma participação mais ativa nas necessidades de financiamento das empresas portuguesas”, disse o primeiro-ministro.

Questionado pelo jornalistas sobre esta solução, Barroso afirmou que a desconhece e evitou estender-se mais sobre o que deve ser colocado em cima da mesa, lembrando apenas o que fez como presidente da Comissão Europeia e “as propostas para União Bancária que já estão postas em prática com o sistema integrado para a supervisão, ou o sistema integrado de resolução”. O antigo presidente da Comissão Europeia alertou para os “ativos tóxicos que os reguladores nacionais não declararam” e os efeitos quando se tornou público: “Conduziu a situação de retração do financiamento da economia”. Mas Barroso também adverte que a instabilidade na banca “não é o único problema. Considero essencial prosseguir com as reformas estruturais para aumentar a competitividade”.

Caminho “difícil” de Guterres

O ex-presidente da Comissão Europeia falou ainda na candidatura de António Guterres a secretário-geral da ONU – o ex-PM português é ouvido esta terça-feira em Nova Iorque – acredita que António Guterres “tem condições” para ser secretário-geral da ONU e que a eleição é possível, mas também avisa que “é uma batalha muito difícil”. Durão Barroso explica porquê: “Há muitos países que defendem que deve ser uma mulher” a suceder a Ban Ki-moon no cargo.

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