O Bloco de Esquerda está a preparar uma declaração de voto sobre o Orçamento do Estado deste ano, a reforçar as reservas manifestadas pelo partido durante os debates, e que deverá ser entregue nos próximos dias.

Estará pronta entre o final desta semana, início da próxima”, adiantou Pedro Filipe Soares, ao Observador.

Sem querer adiantar detalhes sobre a tomada de posição, o dirigente bloquista revelou que a declaração deverá refletir os principais pontos do debate parlamentar do Orçamento. “A discussão do Orçamento foi suficientemente extensa; não haverá agora grandes novidades face ao que foi dito”, assegurou.

Em Março, os bloquistas aprovaram o Orçamento do Estado mas não sem antes deixarem críticas ao diploma. Sim, é certo que o Orçamento respeita o acordo celebrado entre socialistas e Bloco. Sim, também é certo que, pela primeira vez em cinco anos, permitiu devolver rendimento aos portugueses. Mas há passos que faltam ser dados, foi dizendo a porta-voz do Bloco de Esquerda, Catarina Martins.

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A declaração apresentada pelo BE vai estar alinhada com as várias intervenções públicas da coordenadora do partido. Os bloquistas deverão vincar mais uma vez as suas reservas em relação às “limitações” e “insuficiências” deste Orçamento, por exemplo, no que toca aos orçamentos para as áreas da Saúde e Educação.

O Bloco nunca deixou de criticar a falta de investimento público, o aumento dos impostos indiretos, em grande parte exigidos por Bruxelas, e a falta de uma resposta concreta em relação à dívida pública.

Foi isso que fez Catarina Martins, em fevereiro, ainda antes de aprovar o Orçamento na generalidade. “Continuamos neste cenário de garrote para com as funções públicas do Estado, porque os juros da dívida pública pesam 4,5% do PIB, mais que a Educação e tanto como a Saúde. Ao mesmo tempo, o investimento público é dos mais baixos de sempre e, quanto a isso, não há grande diferença”, defendeu na altura a porta-voz do Bloco.