As autoridades do Panamá finalizaram, na quarta-feira, as buscas aos escritórios da empresa Mossack Fonseca sem terem encontrado provas “contundentes” de delitos relacionados com o escândalo dos chamados “Panama Papers”.

“Não temos elementos contundentes que nos permitam tomar qualquer tipo de decisão (…). A maioria dos arquivos da empresa são virtuais, quase não têm arquivos físicos”, explicou o procurador Javier Caraballo aos jornalistas.

Caraballo descartou medidas cautelares ou a apreensão de bens após a diligência, que teve início na terça-feira, focada na recolha de informação para ser analisada pelo Ministério Público.

Segundo revelou, foi recolhida informação em mais de 100 servidores da empresa, especializada na gestão de patrimónios.

“Estamos a falar de uma quantidade significativa de informação que precisa de ser analisada para se poder chegar a algum tipo de conclusão”, indicou.

A 3 de abril, quando foi divulgada a base de dados da Mossack Fonseca, o Ministério Público do Panamá anunciou uma investigação para apurar se a empresa praticou delitos para ajudar personalidades de todo o mundo a gerir património à margem da lei e do fisco de vários países, como informaram os meios de comunicação social.

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As buscas nos escritórios da empresa só foram feitas nove dias depois, o que foi criticado por diferentes setores.

Caraballo afirmou na quarta-feira que “as diligências deste tipo requerem um planeamento de modo a serem eficazes”.

Os “Panama Papers” são a maior investigação jornalística da história, envolvem o Consórcio Internacional de Jornalistas de Investigação (ICIJ, na sigla inglesa), com sede em Washington, e destacam os nomes de 140 políticos de todo o mundo, entre eles 12 antigos e atuais líderes mundiais.

A investigação resulta de uma fuga de informação e juntou cerca de 11,5 milhões de documentos ligados a quase quatro décadas de atividade da empresa panamiana Mossack Fonseca, especializada na gestão de capitais e de património, com informações sobre mais de 214 mil empresas ‘offshore’ em mais de 200 países e territórios.

A partir dos Papéis do Panamá (Panama Papers, em inglês) como já são conhecidos, a investigação refere que milhares de empresas foram criadas em ‘offshores’ e paraísos fiscais para centenas de pessoas administrarem o seu património, entre eles rei da Arábia Saudita, elementos próximos do Presidente russo Vladimir Putin, o presidente da UEFA, Michel Platini, e a irmã do rei Juan Carlos e tia do rei Felipe VI de Espanha, Pilar de Borbón.