O primeiro-ministro da Hungria, Viktor Orbán, defendeu hoje, em declarações à Lusa, a criação de um “novo (espaço) Schengen”, como pré-condição para um sistema europeu de asilo reformulado.

“Temos de reformar Schengen, ou criar um novo Schengen, é a pré-condição para qualquer espécie de sistema de asilo positivo. Esta é a posição da Hungria”, afirmou Viktor Orbán, que participou hoje em Lisboa numa reunião do comité executivo da Internacional Democrata do Centro (IDC).

O acordo de Schengen de 1985 criou um espaço europeu de fronteiras abertas e livre circulação de pessoas entre os 26 países signatários.

O chefe do governo húngaro afirmou também que a defesa das fonteiras do seu país constitui uma prioridade.

“Estamos muito concentrados na defesa das nossas fronteiras, porque o que pensamos que é necessário alterar de imediato não é o sistema de pedido de asilo mas defender as fronteiras”, referiu Orbán.

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Ao comentar a recente visita do primeiro-ministro português, António Costa, à Grécia e a disponibilidade imediata de Portugal para acolher 1.250 refugiados, Orbán sublinhou a existência de uma “lógica diferente” entre os dois países.

“Penso que todas as decisões e medidas dependem dos parlamentos e dos governos nacionais. Nós somos diferentes, temos uma abordagem diferente, apreciamos que os portugueses estejam tão ativos, mas os húngaros seguem a sua própria lógica”, afirmou.

O primeiro-ministro húngaro, no poder desde 2010 após ter ocupado pela primeira vez o cargo entre 1998 e 2002, tem-se revelado um firme opositor ao acolhimento de migrantes, com o seu Governo a considerar como delinquente todo o migrante que atravesse a vedação de arame farpado erguida no outono por Budapeste nas fronteiras com a Sérvia e Croácia.

Cerca de 400.000 pessoas transitaram pela Hungria antes da instalação das vedações e do encerramento das fronteiras, implicando a posterior expulsão ou mesmo a detenção de muitos migrantes.

O Governo de Budapeste recusa agora estabelecer qualquer quota relacionada com a repartição de refugiados à escala europeia, designadamente na sequência do acordo de 18 de março, entre a União Europeia e a Turquia, e que agravou as tensas relações entre Budapeste e Bruxelas.

Orbán, que chegou na tarde de quinta-feira a Lisboa, participou hoje no conclave do IDC, uma associação fundada em 1961 que agrupa os partidos políticos “democratas-cristãos e cristãos socialistas do mundo”, de acordo com a uma nota enviada pelo PSD à imprensa.

O ex-primeiro-ministro Pedro Passos Coelho esteve hoje presente nesta iniciativa, tendo convidado para o almoço de encerramento António Guterres, candidato a secretário-geral das Nações Unidas.