O advogado de José Sócrates, João Araújo, acredita que a investigação da Operação Marquês chegou a um “beco sem saída” e que as revelações que agora surgiram no âmbito dos Panama Papers não são mais do que “um balão de oxigénio” para a investigação, reiterando que o seu cliente não tem, nem nunca teve qualquer relação negocial com Hélder Bataglia.

“[Os Panama Papers] é mais um balão de oxigénio numa investigação que bateu no fundo, que já não consegue ir a lado nenhum”, afirmou João Araújo, em entrevista à TVI24, este sábado, acrescentando, com ironia, que “já tivemos o Grupo Lena, já tivemos Vale de Lobo, já tivemos a Venezuela, já tivemos a Argélia. Isto não é um processo, é uma agência de viagens.”

Em causa estão as mais recentes revelações feitas pelo Expresso e pela TVI, no âmbito dos Panama Papers, e que vêm dar força às suspeitas do Ministério Público. Ao que agora tudo indica, a origem dos 12 milhões de euros que o empresário luso-angolano Bataglia transferiu para as contas de Joaquim Barroca que, por sua vez, transferiu para as contas de Carlos Santos Silva, na Suíça, através de duas offshores (a Markwell e a Monkway), e que terão chegado às mãos de José Sócrates, como suposta contrapartida pela aprovação da nova fase de desenvolvimento do empreendimento imobiliário de Vale do Lobo, no Algarve, tiveram origem nas contas da Espírito Santo Enterprises, um alegado “saco azul” do Grupo Espírito Santo, com sede no Panamá.

Ainda na noite de ontem, e mal a notícia começou a circular, num comunicado enviado às redações, os advogados do ex-primeiro ministro consideraram “graves” as revelações “por via de assuntos do Senhor Hélder Bataglia” sobre as ligações à Operação Marquês e afirmaram que as “suspeitas” de um eventual envolvimento de José Sócrates com offshores no Panamá são totalmente “infundadas, abusivas e caluniosas”.

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Entretanto João Araújo veio repetir que o ex-primeiro-ministro não tem qualquer relação negocial com Hélder Bataglia e que tudo, até aqui, não passa de “especulações, insinuações”. “E vai ser assim no futuro, porque não há um único facto em que possamos dizer ‘Ora aqui está a corrupção do engenheiro José Sócrates.”

Já não sei a quantas ando com tanto dinheiro porque o tanto dinheiro não pertence, nem nunca pertenceu, ao engenheiro José Sócrates. O engenheiro José Sócrates nunca teve qualquer negócio com o senhor Hélder Bataglia, nem com offshores”, reafirmou o advogado, acrescentando que “as declarações do senhor Hélder Bataglia não têm nada a ver com o engenheiro José Sócrates”.

“A investigação chegou a um beco sem saída porque ao fim deste tempo todo não apresentou ainda um único facto. Já estivemos na Argélia, em Vale de Lobo, na Venezuela, agora chegámos ao Panamá. Onde ainda não chegámos e onde não vamos chegar é a uma acusação”, acredita João Araújo.