O presidente da associação que representa os lesados do papel comercial do Grupo Espírito Santo (GES) disse esta terça-feira que acredita que haverá uma solução que compense aqueles clientes pelo dinheiro perdido, mas admitiu que o “caminho é difícil”.

“Temos um compromisso público de até final do mês de abril [chegarmos à solução], não sei se o cumpriremos, mas estamos na expectativa de que sim. O caminho é difícil, mas acreditamos que estamos no bom caminho”, disse aos jornalistas Ricardo Ângelo, acrescentando que tem notado “boa vontade de todas as partes”.

O presidente da Associação dos Indignados e Enganados do Papel Comercial falava depois de mais uma reunião, em Lisboa, com o Banco de Portugal, a Comissão do Mercado de Valores Mobiliários e o BES, o ‘banco mau’ que ficou com os chamados ativos ‘tóxicos’ do Banco Espírito Santo, com Diogo Lacerda Machado como mediador em representação do Governo.

Este foi o terceiro encontro depois de, no final de março, ter sido assinado, com a presença do primeiro-ministro, António Costa, o memorando de entendimento em que aquelas entidades se comprometeram a encontrar uma solução até início de maio que permita aos clientes recuperarem pelo menos parte do montante investido em papel comercial das empresas Espírito Santo International e Rio forte, comprado aos balcões do BES.

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Em causa estão 2.084 subscritores de papel comercial que reclamam 432 milhões de euros dados como quase completamente perdidos aquando da ‘implosão’ do Grupo Espírito Santo (GES).

Ricardo Ângelo recusou, contudo, fazer mais declarações, incluindo de onde sairá o financiamento para compensar esses investidores.

De acordo com a informação recolhida pela Lusa, para já, estará colocada de parte a possibilidade de o dinheiro vir do Fundo de Garantia de Depósitos ou do Sistema de Indemnização aos Investidores, estando a ser trabalhada a forma de sair do Fundo de Resolução bancário e do ‘banco mau’ BES.

Ainda não está definido o montante que cada cliente poderá receber, mas já há um esboço dos critérios quanto ao modo como será calculado o valor, como o investimento feito, a idade da pessoa e mesmo a fortuna pessoal.

Apesar de os clientes de retalho que se consideram lesados pelo papel comercial do GES terem vindo a desenvolver várias ações para recuperar o dinheiro investido, desde o colapso do grupo, já em 2014 este tema ganhou ênfase depois de, em fevereiro, o primeiro-ministro ter censurado publicamente o governador do Banco de Portugal, Carlos Costa, por estar “a arrastar” uma solução para o problema.

O Governo assumiu este tema como prioridade, por considerar que está em jogo a reposição da confiança no sistema financeiro.

Em junho de 2015, o governador do Banco de Portugal tinha dito no parlamento que a solução para os lesados do BES tinha de vir da CMVM e não da entidade que dirige, uma vez que se trata de valores mobiliários e não de depósitos, e reafirmou que as responsabilidades pelos lesados do papel comercial do BES não podem ser atribuídas ao Novo Banco, mas sim ao próprio BES.