Os três partidos que apoiam o Governo recusaram esta terça-feira um requerimento apresentado pelo CDS para chamar o ministro da Educação, Tiago Brandão Rodrigues, e o ex-secretário de Estado, João Wengorovius Meneses, ao Parlamento para dar explicações sobre a demissão do governante.

“O CDS foi surpreendido pelo voto contra relativamente ao requerimento que fez para ouvir o ministro da Educação e o ex-secretário de Estado do Desporto”, disse João Almeida, à saída da comissão de Cultura, Comunicação, Juventude e Desporto. Acusou ainda os partidos da esquerda de um “tapar completo de responsabilidades”, limitando “função de fiscalização que o Parlamento exerce sobre o Governo”.

“Esta é uma prática que começa a ser a tónica do PS”, criticou o deputado — na mesma linha das críticas que já tinham sido feitas no debate quinzenal pelo líder parlamentar do PSD –, defendendo que BE e PCP “fazem parte de uma maioria que não permite que os portugueses percebam por que motivo um secretário de Estado se demite por diferentes formas de estar e de exercício das funções”.

Na mesma altura em que o requerimento era chumbado, o ministro da Educação estava a ser ouvido na Comissão de Educação e Ciência, sem que nenhum deputado lhe tivesse colocado questões sobre o assunto. Terminada a audição, Brandão Rodrigues evitou o encontro com os jornalistas, escolhendo uma porta alternativa para sair da Assembleia da República.

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Já na semana passada o governante tinha estado no Parlamento para falar sobre as provas de aferição, mas nenhum grupo parlamentar levantou a polémica das demissões. Agora, depois do requerimento chumbado, João Almeida garante que o ministro será confrontado com o assunto na próxima audição ao abrigo do regimento na comissão que acompanha os temas de Desporto.

A demissão de João Wengorovius Meneses foi conhecida na noite de 12 de abril, pelo site da Presidência, numa nota que já anunciava o nome do seu sucessor: João Paulo Rebelo. Wengorovius Meneses publicaria um comentário minutos depois, no Facebook, onde criticava a política para a juventude e desporto, bem como o “modo de estar no exercício de cargos públicos”.

Mais tarde, acabaria por adiantar que na base do conflito estiveram escolhas para o gabinete do secretário de Estado e para institutos sob a sua tutela, que Wengorovius considerou serem ingerências, como pedidos de exoneração e nomeações de pessoas por motivos partidários que eram mais da confiança do ministro que do secretário de Estado.