O Presidente da República instou esta terça-feira o ministro da Cultura a estar atento à situação da Academia das Belas Artes, manifestando disponibilidade para apoiar Castro Mendes nas conversas que terá de ter sobre as instalações da instituição.

“Quero estimulá-lo a estar atento também à situação de uma Academia, que é uma academia qualificadíssima pelos ilustres académicos, os de hoje e os de ontem, como será certamente com os de amanhã”, afirmou o chefe de Estado, Aníbal Cavaco Silva, numa breve intervenção durante a visita que realizou esta tarde à Academia das Belas Artes, em Lisboa.

Referindo-se ao impasse que existe quanto à possibilidade da PSP libertar o espaço do antigo Convento de São Francisco – anteriormente ocupado pelo Governo Civil de Lisboa e cujos calabouços tem memórias ligadas aos presos políticos – para a Academia de Belas Artes, Marcelo Rebelo de Sousa manifestou disponibilidade para apoiar o novo ministro da Cultura nas conversas que terá com o ministério da Administração Interna.

“O senhor ministro da Cultura contará com o apoio do Presidente da República nessas conversas – como disse – sempre árduas com o ministério da Administração Interna em torno das instalações”, assegurou.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Antes de se dirigir diretamente a Castro Mendes, o chefe de Estado já tinha feito referência à “situação muito negativa em que funciona a Academia há décadas”.

Marcelo Rebelo de Sousa considerou que “certamente haverá o bom senso necessário para encontrar uma solução justa” e “equitativa” que permita ao ministério da Administração Interna preservar o que é considerado historicamente importante e, ao mesmo tempo, criar condições acrescidas para o funcionamento da Academia das Belas Artes.

“Não é possível falar-se do prestígio das academias, não é possível pensar-se no seu contributo fundamental no presente e no futuro do país sem lhes proporcionar as condições adequadas à sua atividade, isso parece-me óbvio”, vincou.

Na sua intervenção, o Presidente da República destacou ainda o importante papel desempenhado pelas academias sublinhando que são “uma ponte particularmente qualificada entre o passado, o presente e o futuro”.

“Desconhecer, menosprezar, minimizar, maltratar o passado é desrespeitar instituições, é enfraquecer o tecido nacional”, disse, salientando que o papel do Presidente da República “é exatamente o oposto”, ou seja, “estar atento ao prestígio das instituições”.

Depois de à entrada ter sido confrontado com queixas dos alunos da escola de Belas Artes, Marcelo Rebelo de Sousa deixou ainda a promessa de regressar na próxima semana ao Chiado, para agora visitar aquela faculdade, localizada ao lado da Academia de Belas Artes.