“O Bloco de Esquerda nunca discutiu nenhum plano B com o Governo, nem nunca o Governo nos pediu para discutir nenhum plano B. Eu acho que o plano B não existe”. A frase é de Catarina Martins, em entrevista à Rádio Renascença na noite de terça-feira. A porta-voz do Bloco de Esquerda adianta, contudo, que não faz sentido que se diga que a Comissão Europeia quer “cortar mil milhões às pessoas” porque não é conhecida informação sobre a execução orçamental.

O BE reconhece que há um contexto externo menos favorável mas lembra que, no que a Portugal diz respeito, a “execução orçamental ainda não é conhecida”. “O país está a ter políticas — na opinião do Bloco de Esquerda até tímidas – de recuperação de rendimentos portanto não há nada que explique porque é que a Comissão Europeia quer cortar mil milhões de euros”.

Quanto à possibilidade de o partido vir a negociar com o Governo um aumento do IVA se vierem a ser necessárias medidas alternativas, Catarina Martins diz ainda que “não há margem para aumentar o IVA nem nunca o Governo nos pediu para nos debruçar sobre tal cenário”. “Nós acordámos com o PS explicitamente que não seriam aumentados os impostos sobre os bens essenciais”, disse Catarina Martins, lembrando que há bens essenciais, como a eletricidade, que estão na taxa normal de IVA”. “Nunca ninguém discutiu nenhum aumento de IVA”, garante.

Banca. “Não vamos dizer que não estamos preocupados — estamos”

Sobre a discussão em torno do crédito malparado na banca e a possível criação de um veículo, admitida por António Costa, Catarina Martins diz que o BE “não desconhece” que “os bancos acumularam imparidades muito grandes” e “não vale a pena fazer de conta que não há um problema”. “Se se quer estudar, muito bem, vamos estudar, já devia ter sido estudado”, diz a porta-voz do Bloco de Esquerda, que não quer que um eventual plano apareça feito, de um dia para o outro, sem debate público.

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“As soluções têm sido impostas pela Comissão Europeia e o plano da Comissão Europeia passa por Portugal não ter bancos — daí a entrega do Banif ao Santander”, afirmou Catarina Martins.

Mas pode esta questão perturbar o apoio parlamentar ao governo socialista? “Não é novo que temos posições divergentes sobre essa matéria. Quando nós fizemos acordo para uma maioria parlamentar, sabíamos que tínhamos uma divergência”. Contudo, “este é um acordo para uma legislatura, que seja capaz de recuperar os rendimentos do trabalho em Portugal e proteger o Estado Social. E, portanto, a maioria mantém-se enquanto este caminho estiver a ser mantido”.

Ainda assim, Catarina Martins diz que, no BE, “não vamos ficar sentados a ver o país perder recursos e a pôr em causa este acordo e não dizermos que estamos preocupados – estamos – mas isso não significa estar a desenhar linhas vermelhas a cada momento”.