Quase metade do sal consumido pelos adolescentes vem do grupo alimentar dos cereais e derivados, onde se inclui o pão, segundo uma investigação feita no Porto e em Braga.

Investigadores da Faculdade de Ciências da Nutrição da Universidade de Porto analisaram, durante 2015, o teor de sódio na urina de adolescentes e inquiriram-nos sobre os consumos alimentares das últimas 24 horas. Concluíram que 41% do sal consumido vinha do grupo alimentar dos cereais, onde o pão “continua a ser um forte contribuidor”, como disse à agência Lusa a investigadora Carla Gonçalves.

Algumas destas conclusões vão ser transmitidas pela equipa portuguesa na reunião que decorre hoje e quinta-feira em Lisboa do grupo para a redução do consumo de sal da Região Europeia da Organização Mundial da Saúde.

O estudo sobre o consumo de sal em adolescentes colocou em segundo lugar os produtos de carne e derivados, contribuindo em 16% para o total de sal ingerido. Seguia-se o leite e derivados (11%) e os molhos e sopas (também com 11%). No caso da sopa, Carla Gonçalves lembra que se trata de um prato muito rico em termos nutricionais que acaba por ficar prejudicado pelo excesso de sal que lhe é adicionado.

De acordo com dados apresentados há um mês pela Direção-geral da Saúde (DGS), mais de 70% das crianças portuguesas, de oito e nove anos, e mais de 80% dos adolescentes, dos 13 aos 17 anos, consomem sal acima dos valores recomendados.

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O relatório “Portugal — Alimentação Saudável em Números 2015” mostra que, na faixa etária dos sete aos oito anos, 74% dos meninos e 70% das meninas têm um consumo de sal inadequado. Dos 13 aos 17 anos, o nível de consumo excessivo de sal aumenta para 84%, nos rapazes, e para 72%, nas raparigas.

“O consumo de sal é uma guerra que temos de continuar a travar”, considera Pedro Graça, coordenador do Programa Nacional para a Promoção da Alimentação Saudável.

Segundo o especialista, a reunião de trabalho, à porta fechada, que hoje começa em Lisboa, serve essencialmente para cerca de 20 países europeus exporem o que têm feito para reduzir o consumo de sal pelas populações.

As estratégias de redução do consumo de sal na região europeia têm sido dirigidas para a educação da população e pela tentativa de reformulação da oferta alimentar, trabalhando em pareceria com a indústria.

Em Portugal, a DGS está a trabalhar com a indústria e com a restauração de forma a reduzir 4% ao ano o sal que é oferecido nos produtos alimentares.