Quase um quinto das crianças em todo o mundo está excluída da vacinação de rotina para doenças evitáveis como a difteria, a tosse convulsa ou o tétano, alertou hoje a Organização Mundial da Saúde (OMS).

Para assinalar a Semana Mundial da Imunização, que decorre entre 24 e 30 de abril, a OMS emitiu um comunicado em que sublinha os recentes avanços na vacinação, mas também aponta o caminho a seguir para se alcançarem os objetivos definidos para 2020.

Apesar de evitar entre dois e três milhões de mortes todos os anos, a imunização poderia salvar mais 1,5 milhões de vidas, se a cobertura vacinal aumentasse.

Atualmente, estima-se que 18,7 milhões de crianças em todo o mundo, ou seja uma em cada cinco, estejam de fora da imunização de rotina para doenças evitáveis como a difteria, a tosse convulsa ou o tétano.

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Citada no documento, a diretora-geral da organização, Margaret Chan, disse que no ano passado a imunização levou a alguns ganhos notáveis na luta contra a poliomielite, a rubéola e o tétano materno e neonatal.

“Mas foram ganhos isolados. A poliomielite foi eliminada num país, o tétano em três e a rubéola numa região geográfica. O desafio agora é tornar ganhos como estes a norma”, afirmou.

Em 2015, a região das Américas tornou-se a primeira a eliminar a rubéola, uma doença viral que causa defeitos congénitos múltiplos e morte fetal quando contraída na gravidez; a Nigéria erradicou a poliomielite, deixando apenas o Afeganistão e e Paquistão na lista dos países onde a doença é endémica; e a Índia juntou-se ao Camboja, à Mauritânia e a Madagáscar na eliminação do tétano materno e neonatal.

Além disso, recorda a OMS, ao fim de cinco anos da introdução de uma vacina acessível para a meningite A, mais de 230 milhões de pessoas foram vacinadas, permitindo o controlo e a quase eliminação da doença na ‘cintura da meningite’ de África, que se estende entre o Senegal e a Etiópia.

“Embora o mundo tenha visto algumas conquistas na imunização, a cobertura global da vacinação estagnou nos últimos anos”, disse por seu lado a diretora-geral-adjunta da OMS para a saúde da Família, das Mulheres e das Crianças e vice-diretora do Gavi (aliança para a vacinação).

Para Flavia Bustreon, “demasiadas oportunidades para alcançar crianças por vacinar e fechar a falha na imunização ainda são perdidas todos os dias”.

A OMS apela por isso aos países que alcancem as crianças excluídas dos sistemas de vacinação de rotina, especialmente nos Estados, distritos ou áreas com coberturas vacinais inferiores a 80% ou em países afetados por conflitos ou emergências.

Mais de 60% das crianças por vacinar vivem em dez países: República Democrática do Congo, Etiópia, Índia, Indonésia, Iraque, Nigéria, Paquistão, Filipinas, Uganda e África do Sul.

O Plano Global de Ação para a Vacinação, aprovado pelos 194 Estados-Membros da OMS em 2012, visa um mundo onde todas as pessoas estejam protegidas contra doenças evitáveis através de vacinas em 2020.

Dos seis objetivos provisórios definidos para 2015, apenas um foi alcançado: a introdução de vacinas novas ou subutilizadas.