O presidente do PSD considerou hoje que a estratégia de médio prazo que o Governo está a desenhar aponta para um crescimento “demasiado modesto” e defendeu a necessidade de um programa com objetivos “partilhado por todos”.

“A estratégia que está desenhada não nos permitirá crescer nos próximos anos mais do que 1 a 2% ao ano. Se isso acontecer, o crescimento será sempre demasiado modesto, não será o suficiente nem para pagar as nossas dívidas, nem para reabsorver o desemprego desde a crise”, afirmou o líder social-democrata, em declarações aos jornalistas à saída de uma conferência promovida pela Fundação Luso-Americana para o Desenvolvimento (FLAD).

Escusando-se a fazer comentários sobre o Programa de Estabilidade e o Programa Nacional de Reformas hoje aprovados em Conselho de Ministros por não querer fazer apreciações apenas com base nas notícias que foram sendo avançadas, Passos Coelho admitiu, contudo, que “as perspetivas de crescimento para Portugal nos próximos anos precisavam de mudar de uma forma mais impressiva” porque são “muito modestas”.

“Estamos a falar de uma perspetiva que vai até 2020”, sublinhou, lamentando que a estratégia económica que tem sido apresentada seja apenas “uma extensão daquilo que o Governo tem apresentado nos últimos meses”.

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“Ser cauteloso não tem nada a ver com ter uma estratégia económica arrojada”, acrescentou, reiterando a necessidade de cautela porque o país não tem “muita margem para errar do ponto de vista das contas públicas.

Antes, durante a conferência, o líder do PSD e antigo primeiro-ministro já tinha abordado a questão do crescimento económico, apresentando o exemplo da Irlanda, que cresceu 7% em 2015 porque conseguiu atrair investimento estrangeiro.

“Se os irlandeses foram bem-sucedidos nesse processo não há nenhuma razão para Portugal também não o ser”, vincou, ressalvando, contudo, que para isso acontecer são necessárias políticas consistentes com esse objetivo.

Considerando que isso não deve ser motivo de disputa entre governos e quem está na oposição, Passos Coelho argumentou que todos têm “a ganhar em que esse processo seja bem-sucedido”, quer aqueles que estão hoje a governar, quer “aqueles que têm a perspetiva de vir a estar no futuro”.

Desta forma, continuou, é necessário “ter um programa de médio prazo com objetivos que possam ser partilhados por todos e que não sejam tão genéricos que percam significado”.

“Isso pode ser decisivo para conseguirmos captar o investimento externo que precisamos para dar a oportunidade ao país de aliviar o fardo de anos anteriores em que dívidas foram contraídas sem que se tivesse gerado um retorno económico e social adequado”, declarou.

Na intervenção que fez na conferência da FLAD, perante políticos lusodescendentes, o líder do PSD falou ainda brevemente da questão da Base das Lajes, nos Açores, admitindo que “as coisas não correram manifestamente bem” e que “não foi um marco muito eloquente” do relacionamento entre Portugal e os Estados Unidos da América.

“O melhor que temos a fazer não é fazer de conta que não aconteceu nada, é aprendermos como é que aconteceu para melhorar daqui para a frente o relacionamento entre dois países, defendeu.