Mais de 1,4 milhões de dólares, um pouco mais de um milhão de euros, foi quanto as autoridades norte-americanas pagaram aos hackers que desbloquearam o iPhone usado no ataque de São Bernardino, nos EUA. “Valeu a pena“, disse um diretor do FBI — alertando, contudo, que esse custo não é “escalável”, ou seja, o truque que permitiu a entrada neste telemóvel não poderá ser reutilizado noutro.

“Conseguimos entrar no telemóvel porque, estranhamente, toda a controvérsia em torno da litigação [com a Apple] contribuiu para criar um mercado global de pessoas que tentavam perceber como conseguiam entrar num Apple 5C com o sistema operativo iOS9 — e as informações contidas são importantes porque foi esse o telemóvel que os terroristas deixaram para trás”, afirmou James Comey, diretor do FBI em Londres, citado pelo Financial Times.

O Departamento de Justiça norte-americano colocou, em fevereiro, a Apple em tribunal para tentar forçar a empresa a criar uma forma de abrir o acesso ao telemóvel de um dos indivíduos responsáveis pelo ataque de São Bernardino, na Califórnia. A Apple resistiu publicamente às exigências do FBI, receando criar um precedente (uma porta traseira) que colocaria em causa a privacidade de todos os utilizadores dos aparelhos da Apple.

O processo judicial foi abandonado depois de o FBI ter, alegadamente, conseguido entrar no iPhone pelos seus próprios meios. Ou, melhor, pelos meios de “alguém que nos abordou, alguém que não pertence ao governo e que nos trouxe uma solução. Testámos e testámos, e comprámos”, diz James Comey.

O responsável não disse exatamente quanto se pagou à pessoa que “abordou o FBI”, mas deixou uma nota: “Pagámos muito. Mais do que eu ganharei até ao fim do meu mandato, e faltam sete anos e quatro meses”. O Financial Times nota que Comey ganhou 184 mil dólares no ano passado, pelo que se pode calcular que os hackers ganharam mais de 1,4 milhões de dólares.

“Mas, na minha opinião, valeu a pena. Foi muito, muito importante termos conseguido penetrar aquele telemóvel”, defendeu James Comey.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR