Isabel dos Santos e o CaixaBank retomaram as negociações para encontrar uma solução para o BPI, revelou o ministro da Economia, Manuel Caldeira Cabral, em entrevista à TSF. O governante garante que desta vez o Executivo vai manter-se à margem dos contactos.

O Banco Central Europeu decidiu que o BPI terá de sair do Banco Fomento de Angola. O acordo entre os dois maiores acionistas do banco português – Isabel dos Santos e CaixaBank — chegou a ser dado como fechado a 10 de abril, mas dias depois acabou por falhar.

Houve uma falha nesse acordo, penso que está a haver agora outra vez um trabalho de aproximação das partes. É muito melhor quando as partes conseguem chegar a um acordo do que quando há uma imposição”, defendeu Caldeira Cabral.

O ministro da Economia responsabilizou “as instituições europeias” por terem criado o “problema do BPI” e explicou que “a atitude do Governo foi a de trabalhar com as partes”. Caldeira Cabral aproveitou para lembrar o “envolvimento” do Presidente da República, “em termos de concordância com este processo”.

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Para o ministro, este “é um tema sensível”. Caldeira Cabral reconhece que o Executivo não quer que “afete as relações com Angola” ou que “dê algum sinal às empresas de menor confiança”, mas argumenta que “agora é o momento de as partes se encontrarem”.

E aproveitou para assegurar que está confiante na resolução do problema e que “mesmo que não haja consenso [entre os maiores acionistas], há uma solução e nada disto põe em causa a estabilidade do BPI“.

Depois de o acordo ter falhado, o Executivo aprovou legislação, entretanto já promulgada pelo Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, que acaba com a blindagem dos direitos de voto nas instituições financeiras — um diploma que o Governo garante não ter sido feito a pensar no BPI, mas que encaixa como uma luva na atual situação do banco.

Empresários estão sem medo

Sobre o andamento da economia, e a confiança dos empresários, Caldeira Cabral mostra-se otimista:

Se há coisa que não tenho sentido nos empresários é medo. Tenho sentido em algumas forças políticas uma ideia de tentar passar medo, mas não vejo medo nos empresários nem nos investidores estrangeiros.”

O ministro adiantou que as intenções de investimento detetadas pela AICEP têm vindo a concretizar-se em contratos e garante que até agora não houve “nenhuma desistência e muito menos nenhuma empresa a invocar esse suposto medo para atrasar investimentos”. Antes pelo contrário, Caldeira Cabral assegura que “os empresários aceleraram as candidaturas aos fundos comunitários”, o que revela confiança no andamento da economia.

Aliás, o ministro desvalorizou as críticas ao cenário macroeconómico do Programa de Estabilidade, aprovado em Conselho de Ministros e entregue dia 21 de abril na Assembleia da República. O Conselho de Finanças Públicas garantiu que as projeções com que o Executivo está a trabalhar são otimistas.

“As críticas colocadas estão dentro do normal”, defende Caldeira Cabral. E acrescentou: “Em alguns casos estamos a falar de divergências de 0,1 ou 0,2 pontos no crescimento. Não estamos a falar de divergências muito acentuadas que sejam preocupantes.”