O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, defendeu hoje que, com o pacote de fundos comunitários até 2020, Portugal deve apostar na melhoria das acessibilidades ao interior, sobretudo das ligações ferroviárias.

“Quando se fala em coesão social e coesão territorial, a ferrovia é muito importante. A rodovia também, mas a morte da ferrovia foi a morte do interior”, alertou o chefe de Estado.

Marcelo Rebelo de Sousa, que hoje cumpre o último dia da iniciativa “Portugal Próximo” pelo Alentejo, falava à chegada a Beja, cidade para a qual viajou de comboio desde Vila Nova da Baronia, no concelho de Alvito.

À sua espera, na estação ferroviária, além do presidente da Câmara de Beja, João Rocha, e de populares, estava o grupo Os Cantadores do Desassossego, os quais, com as “gargantas afinadas”, “brindaram” o Presidente com modas alentejanas.

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Também o movimento de cidadãos “Baixo Alentejo Existe” marcou presença na “receção de boas-vindas” e aproveitou para reivindicar, junto de Marcelo Rebelo de Sousa, a melhoria das acessibilidades a Beja, nomeadamente a eletrificação da linha ferroviária e o “regresso” de uma ligação de comboio direta a Lisboa.

“O movimento de cidadãos dá-lhe as boas-vindas e agradece o facto de ter vindo de comboio e chamar a atenção para a questão das acessibilidades à capital de distrito, que é fundamental”, disse Bruno Ferreira, o ator que já imitou a voz de Marcelo Rebelo de Sousa em programas televisivos e que faz parte do movimento “Baixo Alentejo Existe”.

O Presidente da República reconheceu que, “com os fundos do Portugal 2020” e com “o compromisso que há na aposta na ferrovia para o interior, não há razão” para, em Beja, “ficarem marginalizados”.

Realçando que “Beja está na moda” e que suscita o interesse de “muitos investidores”, o chefe de Estado considerou que “é fundamental” a aposta nos acessos.

“Para investir é preciso ter condições para investir” e, nesse âmbito, “os acessos são fundamentais”, sublinhou.

Marcelo Rebelo de Sousa defendeu ainda que começou estes seus roteiros presidenciais, precisamente, pelo Alentejo e pelo interior, porque “tinha que se começar por onde era mais importante”.

Na estação ferroviária, Marcelo Rebelo de Sousa foi ainda questionado sobre o episódio que viveu em Beja, em 1975, quando participou num comício do PPD, em que teve de fugir pelos telhados da cidade.

“Aqueles tempos eram tempos de grande confronto doutrinário e ideológico, como é próprio das revoluções, que ganham em ser vividas com 20 anos de idade”, respondeu Marcelo Rebelo de Sousa.

Agora, que é Presidente da República, continuou, “um pouco mais velhinho” do que nesses tempos, o seu papel é outro: “Eu aqui represento todos os portugueses e não há portugueses de primeira e de segunda”.

Depois de ser recebido na estação ferroviária, o Presidente da República seguiu para uma empresa nos arredores de Beja que produz morangos em hidroponia e almoçou no Centro de Paralisia Cerebral da cidade.