O Presidente da República vai ouvir esta terça-feira os partidos da esquerda (mais o PAN), na véspera de o Programa de Estabilidade do Governo ser discutido na Assembleia da República. PSD e CDS, que avançou com um projeto de resolução contra o Programa de Estabilidade, desta vez ficam de fora. O motivo é o facto de tanto Passos Coelho como Assunção Cristas já terem sido recebidos oficialmente pelo Presidente quando foram eleitos presidentes dos respetivos partidos, há cerca de um mês.

Por ordem crescente de representatividade parlamentar, o primeiro partido a ser ouvido vai ser o PAN (Pessoas-Animais-Natureza), logo às 10h30, seguindo-se a delegação d’Os Verdes, que tem a reunião marcada para as 11h. À exceção do PAN, todas as audições têm uma duração prevista de uma hora. O PCP é recebido em Belém ao meio-dia, sendo que o Bloco de Esquerda e o PS ficam reservados para a tarde (16h e 17h, respetivamente).

Pelo meio, depois de ouvir os comunistas, os ecologistas e o PAN, Marcelo vai marcar presença no torneio de ténis Estoril Open, regressando depois a Belém para continuar as audições.

Os partidos da oposição, PSD e CDS, ficam de fora da agenda de audições do Presidente. Segundo explicou ao Observador fonte da Presidência, isso deve-se ao facto de tanto Passos Coelho como Assunção Cristas terem diso recebidos oficialmente pelo Presidente quando foram eleitos, em março, líderes do PSD e do CDS, respetivamente.

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O debate sobre o Programa de Estabilidade decorre na próxima quarta-feira, no Parlamento

Depois de o PSD ter afirmado que não iria forçar o Programa de Estabilidade a ir a votos, por preferir pôr o ónus da governação nos partidos da esquerda, acabaram por ser os democratas-cristãos a avançar, no último dia possível, com um projeto de resolução contra o documento que contém o cenário macroeconómico previsto pelo Governo para os próximos quatro anos. Esta sexta-feira, à margem do périplo que fez pelo Alentejo, Marcelo já tinha desvalorizado o facto de os centristas terem, de forma “isolada”, obrigado o documento a ir a votos.

“A democracia é isso mesmo”, disse na altura, considerando que, mesmo que todos os outros partidos tenham optado por não levar o documento a votos, o CDS é autónomo. “Porque é que há de concordar com o PS ou com o PSD?”, perguntou o Presidente, reconhecendo de seguida que por estar “isolado” nessa iniciativa o CDS pode é não ter “vencimento” na hora da votação.

Marcelo Rebelo de Sousa tem tido um contacto regular com o primeiro-ministro sobre esta e outras matérias, tendo mesmo forçado António Costa a ir até Évora esta sexta-feira para dar seguimento à habitual reunião semanal entre ambos. Com o Bloco de Esquerda e o PCP o contacto não é sistemático, ainda que o Presidente já se tenha reunido com ambos, em março, de forma não oficial, quando já se mostrava atento ao desenrolar dos acontecimentos políticos em torno da preparação do Plano Nacional de Reformas e do Programa de Estabilidade, documentos importantes que contém as previsões de crescimento para o país e que têm de ser aprovados em Bruxelas.