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Cadernetas digitais? Os cromos querem-se é no papel

Este artigo tem mais de 5 anos

Não há quem não tenha pelo menos começado uma caderneta de cromos. Acabá-la são outros quinhentos. Em ano de Euro, impõe-se a pergunta: as cadernetas digitais vão "matar" as velhinhas em papel?

De dois em dois anos, há que abrir os cordões à bolsa. Colecionador de cromos que o é, nunca deixa a caderneta pela metade
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De dois em dois anos, há que abrir os cordões à bolsa. Colecionador de cromos que o é, nunca deixa a caderneta pela metade

HUGO AMARAL/OBSERVADOR

De dois em dois anos, há que abrir os cordões à bolsa. Colecionador de cromos que o é, nunca deixa a caderneta pela metade

HUGO AMARAL/OBSERVADOR

Não é bem, bem a mesma coisa. Aquele fora-de-jogo que não foi – ou será que foi? –, repetido até à exaustão e noite fora no cabo, enquanto três comentadores se insultam com um linguarejar capaz de fazer corar o mais despudorado dos poemas de Bocage. Isso é falar de futebol. Pouco. E mal. O que é diferente de falar sobre futebol.

Nesta última “fala”, há paixão e não ódio no trato. E também se discute? Claro. Mas há sobretudo saber na discussão. Saber na ponta da língua o onze-tipo dos malogrados “bebés” de Sir Matt Busby no Manchester United dos idos de 1950 – e sabê-lo sem nunca os ter visto chutar uma bola. Ou, mais adiante no calendário, e com a toada nos Red Devils, saber que Ole Gunnar Solskjær entrou aos 81′ na final de Camp Nou da Liga dos Campeões contra o Bayern e que, precisos 12′ depois, arrumou com os alemães a um canto.

Hoje, na era das tecnologias de informação, o golo de carambola de Solskjær, ou a história do acidente aéreo de Munique está à distância de um clique. Noutra época, não tão distante assim, era nas cadernetas de cromos, sobretudo em ano de Europeu ou Mundial, que se idolatravam os “Maradonas”, os “van Bastens”, e se conheciam uns quantos pernas-de-pau, como o búlgaro Trifon Ivanov e a sua pinta de latifundiário texano. A ele voltaremos mais adiante.

É de tudo isto que fala Rui Miguel Tovar, apaixonadamente. Rui não é só um jornalista de desporto, filho de um dos melhores e de quem herdou nome, apelido e ofício. Rui é também colecionador de cromos, de cadernetas de cromos. Já o pai o era antes dele.

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Créditos: Hugo Amaral/Observador

A primeira de três gavetas com cadernetas de cromos guarda as do campeonato português. Aqui, um Gil Vicente a tomar pela primeira vez o gosto à Primeira Divisão (Créditos: Hugo Amaral/Observador)

Chegados à casa da mãe e de volta ao quarto de infância de Rui Miguel Tovar, deparamo-nos com dezenas e dezenas, talvez centenas de livros sobre futebol nas estantes, nas mais diversas línguas, das mais diversas latitudes e ligas. Logo ao lado da estante maior há um daqueles arquivadores antigos, como nas repartições das Finanças, em metal, alto e com três gavetas. Está lá tudo, caderneta por caderneta, todas imaculadas, dispostas por ordem cronológica e sem que nenhum cromo lhes falte.

Em cima, há tudo o que é cadernetas do campeonato em Portugal, do tempo em que os cromos se encontravam nos rebuçados até ao presente. Ao centro, os campeonatos estrangeiros – até a liga da Grécia, com cromos num ilegível grego, lá está -, as provas europeias, e ainda cadernetas sobre Maradona e ciclismo nos tempos de Agostinho e Chagas. Por fim, a gaveta dos Europeus e Mundiais, em baixo. A primeira caderneta é a de 1966 e do Mundial inglês dos “magriços”. Seguem-se todas as outras. Todas. Algumas completadas pelo pai Tovar, outras pelo filho Rui. Cada um fazia a sua. Pelo menos até 1988.

Rui Miguel Tovar começa por recordar essa história: a do porquê de, a partir do Europeu alemão que a Holanda venceu, ele e o pai terem passado a ter uma e a mesma caderneta. É que a pespinetice de Rui a surripiar cromos ao pai valeu-lhe um castigo. Não um raspanete; um castigo onde mais lhe dói: nas cadernetas.

“Eu terminei a caderneta do México ’86 primeiro que o meu pai. Porque eu no colégio tinha mais com quem trocar os cromos do que ele na RTP, entre adultos. E ele foi o enviado especial da RTP nesse mundial de má memória. Certo dia, estava ele no México, chega uma carta da Panini, abri-a, e continha os últimos cromos que faltavam ao meu pai e que ele tinha encomendado. Ainda tinha para lá de 20 ou 30 cromos.” E o que é que Rui fez com eles? “Fiz uma coleção nova”, lembra hoje entre gracejos, para depois recordar-se da “vingança” do pai: “Quando ele chegou, ficou sobressaltado. Mas não me lembro de ouvir uma reprimenda sequer. Dois anos depois, em 1988, eu ajudei-o a fazer uma revista do Europeu que ia para as bancas, e reparei que os símbolos das federações dos países pertenciam a uma coleção de cromos. Uiiiii, querem ver?! O meu pai tinha-os recortado da minha caderneta. É que nem levou a caderneta ao maquetista; recortou-a toda! Com requintes de malvadez. Pensei: mais vale unir-me a ele e fazermos isto os dois. E assim foi.”

A rapariga que era dos cromos em papel e hoje é dos digitais. Ou quase

Carolina Martins, tal como Rui Miguel Tovar, também é filha de jornalista. A mãe foi-o por anos a fio no jornal desportivo Record. Hoje com 17 anos, Carolina herdou da mãe o gosto pelo futebol, pelo bate-boca futebolístico (sempre ou quase sempre com os rapazes) nos pátios do recreio, pelo azul-e-branco do FC Porto, mas também pelos cromos. Não consegue recordar-se de quando começou a colecioná-los em cadernetas. “Tinha uns seis ou sete anos. Talvez menos.” Certo é que sempre as fez sobre futebol — europeus, mundiais, ligas, competições europeias de clubes — e nunca sobre princesas da Disney ou universos cor-de-rosa. E fazia-as, na meninice, entre uma jogatana e outra com o primo, para depois, de joelhos esfolados e suor em bica, trocarem os repetidos pelos em falta.

Hoje é diferente. Este ano foi diferente, pelo menos. Carolina começou a colecionar a caderneta digital da Panini. Mas não o fez por ser da era das novas tecnologias e aficionada por gadgets — “Eu diria que não sou da era digital nem da anterior; estou a meio”, confessa. Fê-lo porque não havia maneira de encontrar a caderneta de sempre, em papel, nas bancas. “A caderneta em papel costuma vir com os jornais. Mas este ano não a encontrei em lado nenhum quando ela saiu. Então, como sabia que a Panini tinha a coleção digital, comecei a fazê-la. Não sei se é melhor ou pior; é diferente. Desde logo, gasta-se menos dinheiro — muitas vezes os meus amigos não fazem as cadernetas em papel porque não querem, eles ou os pais, gastar dinheiro nelas. Todos os dias, a uma determinada hora, eles oferecem-te saquetas. E se tens cromos repetidos, dizes quais tens e de quais precisas, e a troca é automática no site. Sei que a Coca-Cola também oferece uns quantos cromos online. E mesmo naqueles cromos especiais da caderneta em papel há um código, no verso, que te oferece saquetas digitais”, explica Carolina.

Muitos dos que fazem cadernetas de cromos em papel, também as fazem digitalmente. Até porque lhes saem quase de graça com tanta oferta (Créditos: Hugo Amaral/Observador)

Muitos dos que fazem cadernetas de cromos em papel, também as fazem digitalmente. Até porque lhes saem quase de graça com tanta oferta (Créditos: Hugo Amaral/Observador)

A caderneta digital não é um sucesso. Em 2010, durante o Mundial da África do Sul, foram vendidas 1,5 milhões de cadernetas digitais em todo o mundo. E só um terço dos colecionadores completou essas cadernetas. Os números foram divulgados no Mundial seguinte, no Brasil, pelo então diretor de marketing da FIFA, Thierry Weil.

O diretor-getal da Panini em Portugal e Espanha, Lluis Torrent, não partilha números de vendas e isso é ponto prévio na entrevista via Skype — mas acena com a cabeça, afirmativamente, quando lhe são referidas as vendas do Mundial sul-africano. O que Lluis Torent confirma, no entanto, é que as cadernetas digitais, pelo menos na Panini, não vão substituir o papel. Embora tenha chegado a pensar que sim. “Nós lançámos a primeira caderneta digital em 2008, durante o Europeu. E lançámo-la sempre com o apoio da Coca-Cola, que também é sponsor da FIFA e da UEFA. Rapidamente, e nos Europeus e Mundiais seguintes, ficou claro para nós que aquela caderneta nunca substituiria a de papel. A coleção virtual não funcionou. Mas houve um momento, precisamente há oito, nove anos, em que achei que ia funcionar e destronar o papel. Enganei-me”, assume o diretor-geral da Panini na Península Ibérica.

Substituição: sai o cromo incorreto, entra o certo

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Muitos dos cromos hoje à venda são de jogadores que não vão estar no Euro ’16. Alguns deles por lesão, como são os casos de Coentrão e Danny, outros por opção dos respetivos misters; Deschamps não levará Benzema ao Europeu por razões extra-futebol.

Quando se conhecerem todas as convocatórias, a Panini disponibilizará (por encomenda) os cromos de substituição. “Nós temos um trabalho difícil. Não somos o ‘selecionador’ de uma seleção; somos de 24 seleções”, graceja Lluis Torrent da Panini.

Mas então, o que correu mal? “Certo dia, ligo a televisão num canal de notícias e ouço a jornalista dizer: ‘Nasceu o cromo digital, morreu o físico’. Fiquei perplexo com aquilo. Havia uma empresa espanhola, que hoje não existe mais, que vendeu essa falsa ideia. Ao fim de um ano, pouco mais, faliu. E ainda nos quiserem vender a empresa. Os rapazes, as raparigas, os pais, o que querem é ter a coleção. Há quem as faça de selos, de moedas, e outros de cromos. Querem ter a caderneta, guardá-la, voltar e ela quando quiserem. Sei de casos em que têm duas cadernetas completas na mesma coleção: uma para consultar, outra para guardar e não mexer mais. E depois há sempre aquela surpresa de abrir a saqueta, ver o cromo, colá-lo, trocá-lo na escola. Isso, o digital nunca irá substituir”, atira Lluis Torrent.

Carolina, com a caderneta digital ainda por terminar, lá encontrou a física. E também ela diz que a sensação de completar uma e outra é diferente. “Quem não as faz, não vai entender isto, mas a verdade é que eu fico com o coração destroçado quando abro uma saqueta e me sai um cromo repetido. Ontem comprei três saquetas e tinha oito repetidos. Oito! Mas também é isso que há de bom nas cadernetas: levar os cromos para a escola e trocá-los. Antes fazia uma lista em papel com os cromos que me faltavam e ia riscando um por um. Mas esquecia-me de apontar tudo e às tantas já tinha outra vez cromos que tinha trocado. Entretanto passei a guardar a lista no iPhone e consigo organizar-me melhor e saber do que preciso e não preciso.”

A tecnologia, pelos vistos, não destronou o papel. Mas dá-lhe uma ajuda e tanto. Pelo menos no caso de Carolina.

Maldito sejas, António Folha!

Gonçalo Ribeiro é um daqueles casos de alguém que escolheu a profissão errada. Não que ele seja mau bancário. Não é isso. Mas depois de cinco minutos a ouvi-lo falar sobre futebol, a debitar datas e mais datas com a precisão de uma folha de Excel, relembrando jogadores que às vezes nem lembram ao diabo, e comparando-lhe o discurso com os tais comentadores de pacotilha do cabo, Gonçalo não faria pior figura que eles. E só tem trinta anos, apesar de uma memória futebolística que recua por vezes a um tempo em que nem nascido era. Com o detalhe de um par de olhos que estiveram lá sem estar. Porquê? Muito por causa dos cromos.

“Quando eu era puto, era raro o gajo que tinha Internet lá na rua. Raríssimo. Conheci um. E quando tu querias ver a cara de um jogador, estavas uma hora à espera que ela surgisse, em constante upload. Na televisão, havia o Calcio e a La Liga na TVI, havia a Premier League na RTP2. Mas se querias saber de bola à séria, era nos cromos que aprendias: as alturas, peso, as datas de nascimento, clubes, estatísticas, tudo isso me interessava e fui memorizando”, conta.

A primeira caderneta que fez foi a do Euro ’96. “A desse mítico Europeu, com aquela chapelada do Karel Poborsky. O saudoso Poborsky. E do João Pinto, que era o meu ídolo. Pelo menos até ser escorraçado do Benfica. Se tivesse um cromo do João repetido, não o trocava; colava-o naquelas nossas carteiras de velcro ou no caderno da escola.” Se dúvidas houvesse, Gonçalo é benfiquista dos sete costados. Adiante: “A partir daí, de 1996, acabasse a caderneta ou não, era sagrado pedir cromos ao meu pai. Pedinchar, vá. E também tinha uns tios que tinham uma papelaria e me enchiam de cromos. Ainda tenho tudo guardado em casa. A piada, mais do que acabar – e às vezes começava o Europeu ou o Mundial e encostava aquilo a um canto –, era ir para a rua com a caderneta. Ou para a escola. E passar horas a trocar cromos. A falar sobre os cromos.”

Como qualquer colecionador de cromos que se preze, também Gonçalo teve aqueles difíceis de lhe saírem. Saqueta após saqueta. Pela dificuldade em tê-lo colado na caderneta, nunca mais se esqueceu de um ou outro jogador. E até lhe ganhou um certo asco. “Há autocolantes que te marcam. Os dos ídolos da altura, claro. E depois tens o António Folha. O mítico Folha. Tão mítico, tão mítico, que fosse na Seleção, fosse no clube dele, o Porto, nunca me saía o raio do cromo. E era fraquinho, tão fraquinho. Ainda no outro dia o vi na Sport TV e está anafado, o homem”, atira Gonçalo, entre a tagarelice e o tom sério e grave, afinal de contas, deixou cadernetas por acabar também por causa do antigo extremo canhoto das Antas.

— Sabes que esses cromos-chave, os brilhantes, têm um código que te permite descarregar cromos digitais?
— Ai é?! Muito me contas…

Gonçalo não vai fazer a caderneta digital da Panini. “Isso é só uma maneira de eles deitarem mais algum ao bolso.” E cada vez vai perdendo mais o interesse pela de papel. Por causa do aumento do número de seleções presentes neste Europeu e, futuramente, em Mundiais. “Sinceramente, faço mais as cadernetas de Europeus do que de Mundiais, que têm equipas que eu quero lá saber quem são. Irão? Honduras?! Enfim. E mesmo neste Europeu, aparece-me aqui a Albânia? Conheço o Etrit Berisha, que é guarda-redes da Lazio — não é mau, não senhor — e pouco mais. Com tantas equipas, isto pode começar a perder a piada”, lamenta.

Perca que não perca, Gonçalo vai continuar de volta dos cromos. Sempre. “Às vezes, fazem troça: Ah e tal, um bancário de 30 anos a colecionar cromos. Há pouca gente a fazer isto hoje em dia. E os miúdos também se vão desinteressando, acho. Se calhar vão fazer as cadernetas nos iPads, não sei. O que eu sei é que quero continuar no papel e quero fazer isto com os meus filhos, um dia que os tenha. Há aqui um valor sentimental. E depois, ver o cromo do senhor Armando Teixeira, vulgo Petit, loiro no Mundial 2002, não tem preço. É mítico”, termina.

– E o cromo do Taribo West, em 1998?
Eiiishhhhh, do que me foste lembrar! Tinha aqueles corninhos cá atrás, florescentes. Lá está: mítico.

Rui Miguel “van Basten” Tovar: 203, licença para marcar

Voltemos ao quarto de infância de Rui Miguel Tovar. Agora é hora de folhear cadernetas e em cada uma encontrar uma história para contar. Com Rui não é difícil ter histórias de futebol para contar. Ou melhor, escutar. Primeiro, o que é que o facto de o van Basten ser o ídolo de infância de Rui tem a ver com cadernetas de cromos? Na verdade, tudo.

“Eu tinha 11 anos em 1988, aquando do Europeu. Na altura só participavam oito seleções, não é como hoje. Ainda assim, sendo poucas, apanhavam o meu número na escola. O meu número, do 1.º aos 12.º ano, sempre foi o 230. E naquele ano o cromo n.º 230 era o do van Basten. Eu conhecia mal o van Basten. Sabia dele que tinha vencido uma Taça das Taças pelo Ajax, onde foi decisivo na final, e pouco mais. Mas a partir daí, sempre que jogávamos à bola, eu deixei de ser o Rui no colégio: era o van Basten. E o meu colega o Johnny Bosman. E outro, outro cromo com o seu número de escola.” O van Basten marcaria mais no Europeu do que o “van Basten” no colégio. Se lhe tivesse calhado Gary Lineker em sorte, a estatística teria sido outra. É que o inglês nem molhou a sopa na Alemanha.

Rui nunca mais perdeu um jogo do holandês. Nem na “Laranja Mecânica”, nem no Milan, que passaram a ser as suas duas equipas de eleição. “Até me podia sair o número do cromo do van Basten, ele não jogar nada, e não ser o meu ídolo coisa nenhuma. E aquele Europeu até começou mal para a Holanda, perdeu com a União Soviética e o van Basten nem foi titular. Depois, ele marcou três golos à Inglaterra e eu pensei: Mas tu queres ver que ele é mesmo bom? E era: resolveu a meia-final contra a RFA aos 88′ e a final contra a União Soviética. Honestamente, se ele fosse soviético e tivesse jogado no Nápoles em vez do Milan, eu hoje seria adepto da Rússia e do Nápoles”, graceja.

5 fotos

Hoje, quando folheia as cadernetas, a de 1988 ou outra, é como se estivesse a dar um mergulho na memória. No caso de Rui Tovar, a memória é de elefante. “Eu pego nesta caderneta [do Europeu ’88] e lembro-me do meu pai me ligar do estádio Olímpico de Munique, quando terminou a final, e ainda ouvir os adeptos da Holanda em fundo, a cantar. Ele foi enviado especial àquele Europeu; a minha mãe, que estudou germânicas, é que conduzia de cidade em cidade e traduzia para o meu pai. Abro a caderneta, vejo os cromos da União Soviética e lembro-me que estava em casa de uma avó, na Lourinhã, quando o Vasyl Rats fez o primeiro golo à Holanda, no primeiro jogo. Tu acordas um dia, abres uma caderneta antiga, e vais reviver histórias que não esperarias reviver nesse dia. É essa a magia que há em colecionar cromos”, explica.

Rui Miguel Tovar não se imagina a fazer uma caderneta digital. Não que seja avesso às novas tecnologias. Afinal, é jornalista e usa-se delas. Mas não é a mesma coisa, garante: “Eu não me imagino a fazer uma caderneta de um Europeu e não ir a uma papelaria comprar cromos. Só o ato de abrir a saqueta é emocionante. E colar os cromos também é. Em miúdo eu tinha aquilo tudo mal colado, com páginas dobradas em toda a parte, e o meu pai nem me deixava chegar perto das cadernetas dele”, conta. Mas tanto se sente alegria como frustração: “Há dois ‘cromos’ ucranianos, o Denys Garmash e o Oleg Gusev, que já me saíram três ou quatro vezes. Faz parte. Se eu não tivesse hoje aqui a caderneta da Bulgária que foi ao Mundial de 1994 [folheia-a], como é que me lembraria que havia um tal de… hmmmIvanov, que tinha cara de lobisomem? O papel permite-nos voltar atrás no tempo quando quisermos, onde quisermos. O iPad também? Pois dá, pois dá. Mas eu sou um tipo do papel, não há nada a fazer…”

Rui, Carolina e Gonçalo (e mesmo nuestro hermano Lluis Torrent), concluídas as cadernetas do Europeu 2016, digitais ou em papel, esperam uma coisa: que esta seja uma caderneta para visitar e revisitar, e sempre com a memória de um Portugal campeão, em Paris, a 10 de julho.

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