Os testes “irregulares” à performance e consumo de automóveis da Mitsubishi começaram em 1991, admitiu esta terça-feira o construtor japonês. Foram ainda encontradas “inconsistências” nos testes realizados em 1992, 2001 e 2007. A empresa vai entregar ao governo esta terça-feira o relatório com as irregularidades detetadas numa investigação interna, mas vai continuar a investigar. A Mitsubishi anunciou a criação de uma equipa especial que irá apresentar conclusões no prazo de três meses.

As primeiras revelações, conhecidas na semana passada, indicavam que a Mitsubishi falsificou dados sobre o consumo e eficiência para 625 mil veículos de quatro modelos, sobretudo do segmento económico, de forma a obter classificações de poupança de combustível mais elevadas. A informação disponível associa estes testes apenas a veículos vendidos no mercado japonês.

A estação pública NHK avançou entretanto que Mitsubishi Motors terá falsificado resultados dos testes sobre a eficiência e consumo de combustíveis de veículos todo-o-terreno, em mais um desenvolvimento no escândalo que envolve o construtor japonês é já considerado a mais grave falsificação de testes desde o caso Volkswagen que envolveu a manipulação de emissões poluentes de veículos a gasóleo.

Segundo a NHK, os funcionários da companhia terão realizado testes ao consumo de combustíveis por veículos todo-o-terreno usando informação relativa à performance de veículos ligeiros. Estes dados manipulados foram então entregues aos reguladores japoneses. Os veículos com tração a quatro rodas são mais pesados e têm mais peças, o que gera uma maior fricção dos pneus na estrada e uma maior resistência à deslocação, o que implica gastarem mais combustível.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

O Japão vai lançar uma taskforce para aplicar medidas para prevenir irregularidades nos testes a veículos automóveis, depois do escândalo que rebentou na Mitsubishi Motors. O ministro dos Transportes, Keiichi Ishii, anunciou entretanto que as autoridades japonesas impuseram à Mitsubishi um deadline até à próxima quarta-feira (amanhã) para reportar todas as falhas detetadas numa investigação interna aos falsos testes.

“A Mitsubishi Motors fez um longo caminho desde os problemas do passado. Por isso, isto é muito dececiontante”, adiantou já o presidente da Mitsubishi Heavy Industries, Shunichi Miyanaga, que é o maior acionista do construtor automóvel. O fabricante já recorreu por duas vezes ao acionista com pedidos de financiamento para sobreviver a um outro escândalo que envolveu o encobrimento de defeitos nos veículos que poderiam ser mortais

O construtor, que publica os resultados trimestrais amanhã, está a ponderar adiar a divulgação da previsão de lucros para este ano porque precisa de mais tempo para avaliar a dimensão dos custos associados à revelação dos dados falsificados. As ações derraparam cerca de 10% na bolsa de Tóquio.